No Brasil, as mulheres são mais da metade da população e já estudam mais que
os homens, mas ainda têm menos chances de emprego, ganham menos do que o
universo masculino trabalhando nas mesmas funções e ocupam os piores postos. Nos
últimos anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a distribuição de renda melhorou, mas a desigualdade entre
homens e mulheres, ainda é muito significativa.
Embora ao longo das últimas décadas a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha deixado, aos poucos, de ser percebida como secundária ou intermitente, esta inserção é ainda marcada por diferenças de gênero e raça, conclui o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última edição do estudo “Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça”, produzido anualmente desde 2004. Isto é, quando se combinam desigualdades, as diferenças ficam ainda mais acentuadas.
“Além de estarem menos presentes do que os homens no mercado de trabalho, as mulheres ocupam espaços diferenciados e estão sobrerrepresentadas nos trabalhos precários”, diz estudo do Ipea. A trajetória feminina rumo ao mercado de trabalho não significou a redivisão das tarefas entre homens e mulheres, mesmo quando se tratam de atividades remuneradas.
Dados sobre a distribuição por setor de atividade apontam uma clara segmentação ocupacional, tanto relacionada ao gênero, quanto à raça. As mulheres – especialmente as negras – estão mais concentradas no setor de serviços sociais (aproximadamente 34% da mão de obra feminina), grupo que abarca serviços de cuidado em sentido amplo (educação, saúde, serviços sociais e domésticos). Já os homens, sobretudo os negros, estão sobrerrepresentados na construção civil. Em 2009, esse setor empregava quase 13% dos homens e menos de 1% das mulheres, indica o estudo do Ipea.
Salários
O mais recente Censo Demográfico (2010) do País mostra que o rendimento médio mensal dos homens com Carteira Profissional assinada foi de R$ 1.392, ao passo que o das mulheres foi cerca de 30%
abaixo disso, atingindo R$ 983. Esse quadro deixou o Brasil atrás de 79 países em um ranking de 146 nações elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), um dos indicadores complementares ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), colocou o País no ano passado na 80ª posição, atrás do Chile, Argentina, Peru, México, Venezuela e até dos árabes, como a Líbia, Líbano e Kuwait. Os melhores índices são da Suécia, dos Países Baixos e da Dinamarca. O cálculo do IDG considera, além do mercado de trabalho, indicadores como a saúde reprodutiva e capacitação.
Mas não é só o ranking do Pnud que mostra as diferenças. De acordo com o Global Gender Gap Index/2011 (Desigualdade Global de Gênero/20011), do World Economic Forum (WEF), o País aparece em 82º lugar numa lista de 135 nações. Na região, o Brasil só não é mais desigual que Bolívia, México, Ilhas Maldivas e Guatemala. O estudo avalia a diferença entre gêneros nas áreas de participação econômica e oportunidades, de educação, capacitação política e de saúde e sobrevivência.
A trajetória do Brasil tem sido de queda. Em 2006, ano da primeira edição do ranking da WEF, quando foram avaliados 115 países, o Brasil havia ficado no 67º lugar. O que mais tem puxado o País para baixo são as diferenças salariais e a distribuição por setor de atividade no mercado de trabalho, de acordo com os relatórios anuais do World Economic Forum.
Poder
De acordo com o último relatório (2009/2010) do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, cujo tema-foco foi “Mulheres, Poder e Decisão”, as mulheres representam mais da metade da população e do eleitorado, tem maior nível de escolaridade, representa quase 50% da população economicamente ativa do País, mas não chegaram a 20% nos cargos de maior nível hierárquico no Parlamento, nos governos municipais e estaduais, nas secretarias do primeiro escalão do Poder Executivo, no Judiciário, nos sindicatos e até nas reitorias.
A proporção de mulheres dirigentes (4,4%) também é inferior à proporção de homens dirigentes (5,9%). Essa diferença de 1,5 pontos percentuais é a mesma desde o ano de 2003, de acordo com o mesmo estudo, elaborado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). “Quando essas proporções são analisadas regionalmente, percebe-se que as maiores disparidades da proporção de homens e mulheres dirigentes encontram-se nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto que nas regiões Norte e Nordeste as proporções são mais próximas”, conclui o relatório.
Em 2010, nas eleições gerais, as mulheres ficaram com 12,9% das cadeiras nas Assembleias Legislativas, com 8,5% das vagas na Câmara dos Deputados e com 9,8% no Senado e 7,4% dos governadores. Mas o fenômeno não é apenas nacional. No mundo, apenas 35 países (19%) contam com mulheres no Parlamento, enquanto que outras 152 nações (81%) não têm sequer uma mulher em seus Parlamentos, de acordo com a União Interparlamentar (IPU).
O estudo da Secretaria de Políticas para as Mulheres avalia ainda que o problema da baixa participação de mulheres em espaços de poder tem relação estreita com o limitado acesso feminino à esfera pública. Mas, acrescenta o documento, essa não é a única explicação. Fatores culturais estão entre as principais causas dessa disparidade: a cultura de divisão sexual do trabalho, o não compartilhamento de tarefas domésticas e familiares e o preconceito de gênero, entre outros fatores.
No setor privado, o quadro não é muito diferente do que no setor público. Pesquisas tendem a confirmar essa proporção de 20% a 30% de mulheres nos postos de chefia. Levantamento feito em 2009 pela Catho Online com um total de 89.075 empresas apontou que as mulheres ocupavam apenas 21,4% dos cargos de chefia. Da mesma forma que em outras esferas – a sindical e os cargos de livre nomeação e exoneração do Poder Executivo, por exemplo, quando se analisam os diferentes cargos compreendidos no conceito de chefia, percebe-se, novamente, que quanto mais alto o cargo, menor o percentual de mulheres.
www.fvmedodificuldade.no.comunidades.net
CONTATO: (13) 3379-7552. (13) 3467-9848.
Embora ao longo das últimas décadas a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha deixado, aos poucos, de ser percebida como secundária ou intermitente, esta inserção é ainda marcada por diferenças de gênero e raça, conclui o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última edição do estudo “Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça”, produzido anualmente desde 2004. Isto é, quando se combinam desigualdades, as diferenças ficam ainda mais acentuadas.
“Além de estarem menos presentes do que os homens no mercado de trabalho, as mulheres ocupam espaços diferenciados e estão sobrerrepresentadas nos trabalhos precários”, diz estudo do Ipea. A trajetória feminina rumo ao mercado de trabalho não significou a redivisão das tarefas entre homens e mulheres, mesmo quando se tratam de atividades remuneradas.
Dados sobre a distribuição por setor de atividade apontam uma clara segmentação ocupacional, tanto relacionada ao gênero, quanto à raça. As mulheres – especialmente as negras – estão mais concentradas no setor de serviços sociais (aproximadamente 34% da mão de obra feminina), grupo que abarca serviços de cuidado em sentido amplo (educação, saúde, serviços sociais e domésticos). Já os homens, sobretudo os negros, estão sobrerrepresentados na construção civil. Em 2009, esse setor empregava quase 13% dos homens e menos de 1% das mulheres, indica o estudo do Ipea.
Salários
O mais recente Censo Demográfico (2010) do País mostra que o rendimento médio mensal dos homens com Carteira Profissional assinada foi de R$ 1.392, ao passo que o das mulheres foi cerca de 30%
abaixo disso, atingindo R$ 983. Esse quadro deixou o Brasil atrás de 79 países em um ranking de 146 nações elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), um dos indicadores complementares ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), colocou o País no ano passado na 80ª posição, atrás do Chile, Argentina, Peru, México, Venezuela e até dos árabes, como a Líbia, Líbano e Kuwait. Os melhores índices são da Suécia, dos Países Baixos e da Dinamarca. O cálculo do IDG considera, além do mercado de trabalho, indicadores como a saúde reprodutiva e capacitação.
Mas não é só o ranking do Pnud que mostra as diferenças. De acordo com o Global Gender Gap Index/2011 (Desigualdade Global de Gênero/20011), do World Economic Forum (WEF), o País aparece em 82º lugar numa lista de 135 nações. Na região, o Brasil só não é mais desigual que Bolívia, México, Ilhas Maldivas e Guatemala. O estudo avalia a diferença entre gêneros nas áreas de participação econômica e oportunidades, de educação, capacitação política e de saúde e sobrevivência.
A trajetória do Brasil tem sido de queda. Em 2006, ano da primeira edição do ranking da WEF, quando foram avaliados 115 países, o Brasil havia ficado no 67º lugar. O que mais tem puxado o País para baixo são as diferenças salariais e a distribuição por setor de atividade no mercado de trabalho, de acordo com os relatórios anuais do World Economic Forum.
Poder
De acordo com o último relatório (2009/2010) do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, cujo tema-foco foi “Mulheres, Poder e Decisão”, as mulheres representam mais da metade da população e do eleitorado, tem maior nível de escolaridade, representa quase 50% da população economicamente ativa do País, mas não chegaram a 20% nos cargos de maior nível hierárquico no Parlamento, nos governos municipais e estaduais, nas secretarias do primeiro escalão do Poder Executivo, no Judiciário, nos sindicatos e até nas reitorias.
A proporção de mulheres dirigentes (4,4%) também é inferior à proporção de homens dirigentes (5,9%). Essa diferença de 1,5 pontos percentuais é a mesma desde o ano de 2003, de acordo com o mesmo estudo, elaborado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). “Quando essas proporções são analisadas regionalmente, percebe-se que as maiores disparidades da proporção de homens e mulheres dirigentes encontram-se nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto que nas regiões Norte e Nordeste as proporções são mais próximas”, conclui o relatório.
Em 2010, nas eleições gerais, as mulheres ficaram com 12,9% das cadeiras nas Assembleias Legislativas, com 8,5% das vagas na Câmara dos Deputados e com 9,8% no Senado e 7,4% dos governadores. Mas o fenômeno não é apenas nacional. No mundo, apenas 35 países (19%) contam com mulheres no Parlamento, enquanto que outras 152 nações (81%) não têm sequer uma mulher em seus Parlamentos, de acordo com a União Interparlamentar (IPU).
O estudo da Secretaria de Políticas para as Mulheres avalia ainda que o problema da baixa participação de mulheres em espaços de poder tem relação estreita com o limitado acesso feminino à esfera pública. Mas, acrescenta o documento, essa não é a única explicação. Fatores culturais estão entre as principais causas dessa disparidade: a cultura de divisão sexual do trabalho, o não compartilhamento de tarefas domésticas e familiares e o preconceito de gênero, entre outros fatores.
No setor privado, o quadro não é muito diferente do que no setor público. Pesquisas tendem a confirmar essa proporção de 20% a 30% de mulheres nos postos de chefia. Levantamento feito em 2009 pela Catho Online com um total de 89.075 empresas apontou que as mulheres ocupavam apenas 21,4% dos cargos de chefia. Da mesma forma que em outras esferas – a sindical e os cargos de livre nomeação e exoneração do Poder Executivo, por exemplo, quando se analisam os diferentes cargos compreendidos no conceito de chefia, percebe-se, novamente, que quanto mais alto o cargo, menor o percentual de mulheres.
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