EXAME PAPANICOLAU
O
Papanicolau é um exame que deve estar no topo da lista de prioridades de todas
as mulheres sexualmente ativas. Cada vez mais há estudos que comprovam a
importância dele. O mais recente, divulgado dia 9 de janeiro pela revista
Science Translational Medicine, aponta que o teste poderá detectar até câncer
de ovário e câncer de endométrio, além de câncer de colo do útero e outras
doenças.
Vida sexual
ativa pede o exame em qualquer idade
Também
chamado de Citologia ou Colpocitologia Oncótica, o exame é poderoso e ao mesmo
tempo simples - consiste na coleta de material do colo do útero com uma
"colher de raspagem". De acordo com um estudo publicado na edição
online do British Medical Journal (BMJ), a taxa de sobrevivência de mulheres
com câncer de colo do útero detectado pelo exame chega a 92%, enquanto aquelas
que são diagnosticadas apenas pelos sintomas apresentam uma taxa de
sobrevivência de 66%. Para tirar as dúvidas mais comuns sobre como o
Papanicolau funciona, confira as respostas de ginecologistas a seguir.
1. O
Papanicolau ajuda a detectar quais doenças?
Além do
câncer de colo do útero e de suas lesões, o exame ajuda a diagnosticar infecções
vaginais como Gardnerella vaginalis, Tricomoníase e candidíase. "Como a
coleta do exame envolve exame genital, também é possível perceber doenças
sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, condilomatose, clamídia e
cancroide", afirma o ginecologista Rodrigo Hurtado, da clínica Origen de
Contagem (MG).
2. Com qual
a idade a mulher precisa realizar o exame?
Não há uma
idade certa. Assim que inicia a sua vida sexual, a mulher já deve começar a
realizar a citologia. "O vírus HPV só pode ser transmitido ao colo uterino
por relação sexual e é este o principal causador de câncer de colo do
útero", explica o ginecologista.
3. Qual é a
melhor época para realizá-lo?
Segundo
Rodrigo, o único período que impossibilita a realização do exame é nos dias em
que a mulher está menstruada. Antes de marcar o exame, portanto, é preciso
checar o calendário menstrual e calcular quando será a próxima menstruação.
4. De quanto
em quanto tempo ele precisa ser feito?
Mulher deve
evitar ter relação sexual 48 horas antes
"O
ideal é fazer uma vez por ano", conta o ginecologista. Em casos de alto
risco, como quando a mulher tem HPV, o médico pode recomendar um exame mais
frequente, de seis em seis meses por exemplo.
5. Há algum
risco à mulher?
Rodrigo
Hurtado garante que não há qualquer risco. "Ao contrário, o exame permite
o diagnóstico precoce com grandes chances de tratamento e cura", alega o
médico.
6. O
Papanicolau detecta HPV?
Na verdade,
esse teste não é específico para detectar HPV. "No entanto, o exame pode
detectar a presença de anormalidades nas células do colo ou da vagina que são
causadas pelo HPV", explica o ginecologista Achilles Cruz, de São Paulo,
especialista em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.
Se isso
acontecer, o médico irá indicar exames complementares, como a Colposcopia e a
Captura Híbrida. O primeiro exame avalia o tecido de revestimento do colo da
vagina através da ampliação da imagem e da aplicação de reagentes. "Na
presença de alterações, será feita a biópsia do tecido que permite identificar
a infecção pelo HPV", explica Achilles. Já a Captura Híbrida é um exame de
tecnologia avançada que detecta se há um ou mais tipos do vírus HPV, que podem
causar o câncer de colo do útero.
7. O
Papanicolau pode falhar?
Pode.
"Estudos mostram que cerca de 50% das pessoas infectadas podem ter falha
na detecção do vírus HPV por meio do teste de Papanicolau", conta Achilles
Cruz. Por isso, é importante realizar exames complementares dependendo das
condições da mulher - o ginecologista terá o cuidado de avaliar quais casos são
necessários.
8. A mulher
pode ter relações sexuais no dia anterior ao do exame?
Não. Para
ter uma maior eficácia no resultado, os médicos recomendam os seguintes
cuidados a serem adotados 48 horas antes do exame:
Saiba mais
Exame poderá
detectar câncer de ovário
Papanicolau:
60% de chances de erro
Lista de
exames indispensáveis à mulher
Não usar
creme e/ou óvulo vaginal
Não utilizar
ducha na região e não fazer lavagem interna
Não realizar
exame ginecológico com toque, ultra-sonorgrafia transvaginal e/ou ressonância
magnética da pelve
Não manter
relações sexuais, com ou sem uso de preservativos.
9. Mulheres
virgens também podem fazer o exame?
Sim, as
mulheres virgens também podem realizar o exame de Papanicolau, mas são
situações especiais indicadas pelo médico. "A coleta do material, neste
caso, é feita por meio da utilização de espéculo próprio para mulheres virgens,
com o auxílio de uma espécie de cotonete", explica o ginecologista
Achilles, que também garante que não há prejuízo para a paciente, nem risco de
ruptura do hímen.
Câncer de Mama.
Evitar a
obesidade, através de dieta equilibrada e prática regular de exercícios
físicos, é uma recomendação básica para prevenir o câncer de mama, já que o
excesso de peso aumenta o risco de desenvolver a doença. A ingestão de álcool,
mesmo em quantidade moderada, é contra-indicada, pois é fator de risco para
esse tipo de tumor, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade
inferior aos 35 anos.
Ainda não há
certeza da associação do uso de pílulas anticoncepcionais com o aumento do
risco para o câncer de mama. Podem estar mais predispostas a ter a doença
mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio,
que fizeram uso da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional
em idade precoce, antes da primeira gravidez.
A prevenção
primária dessa neoplasia ainda não é totalmente possível devido à variação dos
fatores de risco e as características genéticas que estão envolvidas na sua
etiologia.
Autoexame
das Mamas
O INCA não
estimula o autoexame das mamas como método isolado de detecção precoce do
câncer de mama. A recomendação é que o exame das mamas pela própria mulher faça
parte das ações de educação para a saúde que contemplem o conhecimento do
próprio corpo.
Evidências
científicas sugerem que o autoexame das mamas não é eficiente para a detecção
precoce e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Além
disso, traz consequências negativas, como aumento do número de biópsias de
lesões benignas, falsa sensação de segurança nos exames falsamente negativos e
impacto psicológico negativo nos exames falsamente positivos.
Portanto, o
exame das mamas feito pela própria mulher não substitui o exame físico
realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado para essa atividade.