sexta-feira, 15 de março de 2013

45% DOS HOMENS SENTEM ATRAÇÃO POR AMIGAS DA MULHER.

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45% dos homens sentem atração por amigas da mulher, diz pesquisa:

 
 




Lançado semana passada nos Estados Unidos, o livro “The Normal Bar” pretende desnudar a vida sexual de casais ao redor do mundo. Baseada em uma pesquisa na internet com 100 mil pessoas de diferentes nacionalidades, a publicação reforça algumas percepções sobre sexo -- a de que os casados fantasiam com outras pessoas, por exemplo -- e derruba impressões antigas, como a de que mulheres não gostam de pornografia ou que casais com filhos transam muito menos que casais sem filhos.
Também quantifica, de maneira impactante, algumas percepções populares. Como o fato de 45% dos homens ouvidos se sentirem atraídos pelas amigas da mulher. Entre elas, a porcentagem de interessadas nos amigos do marido é menor: 26%.
Escrito pela expert em relacionamentos Chrisanna Northrup e pelos sociólogos Pepper Schwartz e James Witte, o livro é autointitulado como “a mais vasta pesquisa sobre relacionamentos românticos já feita”. Como o título sugere, a obra pretende definir quais são os padrões sexuais e afetivos dos casais dos dias atuais. Para produzir esse painel, foram ouvidos homens e mulheres em países como Canadá, Espanha, Itália, Inglaterra, China, França, Austrália e Filipinas, entre outros.
Confira a seguir alguns dos dados mais interessantes do levantamento:

Ouvindo 100 mil pessoas ao redor do mundo, pesquisa "The Normal Bar" tentou desvendar o que os casais andam fazendo debaixo dos lençóis

Infidelidade nos relacionamentos
Como mostra o dado já citado, pessoas casadas fantasiam em fazer sexo com outras pessoas que não o marido ou a esposa. Mas o levantamento mostra que esse desejo vai além das amizades dos parceiros. 90% dos homens admitem que tem desejo por mulheres que conhecem, que podem ser do trabalho ou de outro meio que eles frequentam. Já entre elas, a porcentagem é de 61%.
“A sexualidade é anárquica e o nosso desejo também, não é uma coisa que nós conseguimos controlar. O que podemos conter é nosso comportamento diante disso. Trair é uma escolha”, explica a psicóloga e terapeuta sexual Lana Harari, que não se surpreende com os dados apresentados.
E as pessoas que traíam, por que fizeram essa escolha? O tédio aparece como grande motivo para os homens e também para as mulheres, com 71% e 49%, respectivamente. O segundo lugar também foi o mesmo para ambos os sexos, com as pessoas traindo porque estavam com raiva do parceiro, com a porcentagem de 38% entre as mulheres e de 26% entre os homens.
Tudo o que você queria saber sobre o sexo
O livro traz ainda um calhamaço de dados quando se trata das aventuras dos casais em suas camas. Tanto os homens quanto as mulheres gostariam que seus parceiros fossem bem mais ousados na hora sexo. 94% deles tem esse desejo. Já entre elas, a porcentagem é um pouco menor, 78%.
Além da ‘ousadia’, mulheres e homens também querem outras coisas para o sexo ficar melhor com seus parceiros. Para ficarem mais satisfeitas na cama, elas querem preliminares caprichadas (25%), mais romance (20%) e espontaneidade e diversão (19%) de seus namorados e maridos.
A lista de três desejos dos rapazes é um tanto diferente. Os homens querem que suas parceiras aceitem fazer coisas novas (30%) e sejam mais ativas e menos passivas na hora do sexo (22%). Por fim, eles querem que elas façam mais barulho durante a transa (16%).
“The Normal Bar” também indicou as duas posições sexuais favoritas tanto dos homens quanto das mulheres. A posição conhecida como ‘cachorrinho’ ficou em primeiro com 40% e a ‘cavalgada’ em segundo, com 24%.

Entre os 25% dos casais que fizeram sexo anal, apenas 6% das mulheres e 2% dos homens não gostaram

Entre elas, o tradicional ‘papai e mamãe’ ainda faz sucesso, levando 30% da preferência, ficando em primeiro. A ‘cavalgada’ também ficou em segundo na preferência das mulheres, também com 24%.
A pesquisa internacional também revelou que 25% dos casais já fizeram sexo anal. Em países como França e Itália a porcentagem é maior, chegando a 46% e 45%, respectivamente. Entre os indivíduos de todo o mundo que praticaram a modalidade sexual, apenas 6% das mulheres e 2% dos homens não gostaram.

Divulgação
Capa do livro "The Normal Bar", que ainda não tem previsão de lançamento no Brasil

Orgasmo e pornografia
O prazer do parceiro não é uma preocupação de todos os maridos e mulheres. 65% dos homens se preocupam se a parceira chega ao orgasmo. A porcentagem entre as mulheres é parecida: 67% delas ficam atentas para saber se eles ‘chegaram lá’.
A pornografia tem mais apelo com os homens do que as mulheres pesquisadas. 89% deles apreciam vídeos eróticos. Mas entre elas o índice ficou longe da minoria: 59%.
O estudo mostrou uma diferença significativa nesse tema. Os maridos e namorados preferem ver esse tipo de filme sozinhos, já as esposas e namoradas gostam de vê-los ao lado dos parceiros.
A maioria mente para o (a) parceiro (a)
Muita gente pode ficar chocada, mas a mentira faz parte dos relacionamentos bem-sucedidos. Pelo menos é o que sustenta a pesquisa. 69% dos casais que se dizem felizes admitem que mentem ocasionalmente aos parceiros. “São coisas como não contar o preço real de uma peça de roupa cara para não desagradar o outro”, explicam os autores do livro.
“Mentir muitas vezes é uma forma de ter alguma privacidade na relação, já que os parceiros de um casal frequentemente são tratados como uma pessoa só, uma entidade única sem individualidade”, analisa Lana. “Mas isso vira um problema quando a mentira é um segredo com a intenção de prejudicar o outro”, pondera a terapeuta.
Menos sexo para quem tem filhos?
Ao contrário do que muita gente imagina, não há muita diferença quando se compara a vida sexual de casais com ou sem filhos. Nas duas situações, as porcentagens de pares que fazem sexo diariamente, frequentemente, ocasionalmente ou raramente se equivalem.
Entre os casais sem filhos, as porcentagens exatas são: 41% dos pares transam 3 a 4 vezes por semana, 26% poucas vezes por mês, 12% raramente e 9% uma vez por mês. Quando se fala em extremos, ambos os números são baixos. 9% praticam sexo todo dia e 4% nunca o fazem.
Os casais com filhos apresentam dados quase iguais: 36% têm sexo 3 a 4 vezes por semana, 30% poucas vezes por mês, 15% raramente, 9% uma vez por mês, 6% diariamente e 6% nunca fazem. Vale lembrar que as porcentagens não somam 100% porque os números são arredondados.

ESTOU FAZENDO POUCO SEXO????

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“Estou fazendo pouco sexo?”


 




“Sou casada há cinco anos, tenho dois filhos e trabalho fora. Com a correria do dia a dia, só consigo fazer sexo com meu marido duas vezes por semana. Fiquei preocupada com essa frequência desde que uma amiga minha me disse que transa pelo menos cinco vezes por semana com o marido dela. Estou fazendo pouco sexo? Meu casamento corre risco de acabar?”

Frequência sexual pode ser alinhada entre casal



Cara leitora, a satisfação sexual não é medida pelo número de vezes que se transa. Tem pessoas que transam todos os dias; outras, uma vez por semana ou quinzenalmente, e estão satisfeitas. Geralmente, entendemos que está tudo bem quando não há sinais de insatisfação ou reclamações. Se precisa ter certeza, pergunte para ele, essa é a melhor maneira de eliminar suas dúvidas.
Uma pesquisa nacional realizada em 2002/2003 sobre a vida sexual do brasileiro, patrocinada pela Pfizer e coordenada pela Dra. Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, revela que na média o brasileiro faz sexo três vezes por semana.
Como era de se esperar, o estudo confirmou que a maioria dos homens tem vontade de fazer sexo com mais frequência do que as mulheres. A condição neurobiológica explica em parte essa diferença.
Uma conquista observada foi o aumento no grau de satisfação sexual, em ambos os sexos, com certeza fruto de avanços do conhecimento nas áreas da medicina e da sexualidade humana.


Cultura, religião, parceria, educação, experiências e histórias de vida interferem positiva ou negativamente no desejo e modulam a frequência sexual do casal. Doenças físicas, depressão, alto estresse, antidepressivos, ansiolíticos e o excesso de álcool levam à diminuição ou falta de libido. Algumas pacientes relatam transar menos quando tomam anticoncepcional.
Nas relações de médio e longo tempo, a frequência sexual sofre alterações. Geralmente, as queixas dizem respeito à rotina, frustração sexual e excesso de compromissos que os impede de pensar em sexo e muito menos transar.
Com o passar do tempo os casais vão substituindo a quantidade de transas pela qualidade. Melhor sexo, maior o grau de satisfação.
Mesmo com o avanço da idade e o declínio hormonal, o sexo pode ser muito bom. A ausência de pressão profissional, tempo livre, maturidade sexual, aumento do vínculo afetivo e cumplicidade são elementos essenciais para uma ótima transa.
Há certos momentos da vida em que o sexo passa a ter menor ou nenhuma importância. Algumas mulheres reclamam da perda parcial ou completa da libido durante a gravidez ou meses seguidos pós-parto, geralmente de ordem hormonal. Mas outros fatores mudarão a frequência sexual do casal: aspectos psicológicos associados à maternidade ou paternidade, muito cansaço e atenção do casal focada no filho.
Desafios na vida profissional, desemprego e luto podem provocar um afastamento do sexo. Fique atenta para que esse período não se estenda.
TV e computadores no quarto contribuem para distrair o casal. A frequência sexual é maior quando o casal usa o quarto para transar e dormir.


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QUANDO E POR QUE FAZER TERAPIA SEXUAL

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Quando e por que fazer terapia sexual?

Análise, tantra e bioenergética podem ajudar mulheres, homens e casais a recuperar o desejo e melhorar o desempenho na cama


MÃES DE 1° VIAGEM LEVAM ATÉ SEIS MESES PARA RETOMAR A VIDA SEXUAL.

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Mães de primeira viagem levam até seis meses para retomar vida sexual

Estudo mostra que 16% das mulheres chegam a ficar sem fazer sexo por seis meses depois do nascimento do primeiro filho; 41% retomam vida sexual seis semanas após o parto.

 
 

Pesquisa mostra que tipo de parto influencia na retomada da vida sexual

A maioria das mães de primeira viagem espera mais de seis semanas após o parto para retomar a vida sexual, aponta novo estudo australiano. Pesquisadores examinaram dados de mais de 1.500 mulheres e descobriram que 41% dessas novas mães fizeram sexo com penetração vaginal seis semanas após o parto. As que esperaram oito semanas somaram 24% e 13% das mulheres ficaram 12 semanas sem sexo. Além disso, a pesquisa mostra que 16% das mães levaram seis meses para retomar vida sexual.
Embora a maioria das mulheres tenha esperado mais tempo antes de fazer sexo vaginal, 53% realizou algum tipo atividade sexual antes de seis semanas. Fazendo um recorte por idade, os pesquisadores descobriram que mulheres entre 30 e 34 anos levaram mais tempo para retomar o sexo vaginal do que mães de 18 a 24 anos. Enquanto 63% das mais jovens fizeram sexo em seis semanas, o porcentual das mães mais velhas que retomaram a vida sexual nesse mesmo período foi de 40%.
Veja ainda: Existe vida sexual pós-gravidez?
As mudanças no casamento com a chegada dos filhos

Tipo de parto
As mulheres que passaram por cesariana, parto com fórceps ou episiotomia (corte na vagina no momento que o bebê está nascendo) também eram menos propensas a retomar o sexo vaginal em seis semanas após o nascimento. As taxas foram de 45% para aquelas que fizeram cesariana, 32% para quem teve parto com fórceps e 32% para as que passaram por episiotomia. Em comparação, 60% das mulheres que tiveram parto normal com períneo intacto retomaram o sexo em seis semanas. De acordo com o estudo, apenas 10% das mães de primeira viagem terá um parto normal com períneo intacto.
Os pesquisadores concluíram que é razoável para a maioria das mulheres e seus parceiros esperarem uma demora em retomar o sexo vaginal. "A maioria dos casais não volta a fazer sexo antes de seis a oito semanas após o parto. Em alguns casos, demora bem mais. Essa informação é muito útil porque mostra para os casais o que esperar após o nascimento do filho”, afirma a autora do estudo Stephanie Brown, professora associada do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, em Victoria. “A pesquisa pode ajudar a reduzir os sentimentos de ansiedade e culpa por não retomar a atividade sexual mais cedo.


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MEDICINA DOS ADOLESCENTES.

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Medicina dos adolescentes.

Dr. Maurício de Souza Lima é médico da Unidade de Adolescentes e coordenador do Ambulatório dos Filhos de Mães-Adolescentes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo, membro da Associação Paulista de Adolescência e do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo. É também autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape).

Houve época em que os médicos tratavam da família inteira, da avó hipertensa, com reumatismo e diabetes, ao bebezinho nascido prematuro. Foi só pouco antes da metade do século XX que apareceram os primeiros pediatras, especialistas em tratar especificamente de crianças. Até então, elas eram consideradas adultos em miniatura, sem necessidades nem características próprias.
O avanço da medicina, resultado do maior conhecimento das doenças, suas causas, sintomas, vias de transmissão, e das novas conquistas terapêuticas, induziu os médicos a se especializarem cada vez mais. Assim, na segunda metade do século passado, surgiram os hebiatras, especialistas no tratamento dos adolescentes que, do ponto de vista biológico e psicológico, atravessam uma fase do desenvolvimento marcada por muitas e rápidas mudanças e requerem atenção especial.
HEBIATRIA
Drauzio Qual é a origem da palavra hebiatria?
Mauricio de Souza Lima – Hebiatria é uma palavra de origem grega que significa medicina da juventude. Traz consigo uma referência a Hebe, a deusa grega da juventude, filha de Zeus e de Hera. No Brasil, embora a especialidade exista há mais de 30 anos, poucos a conhecem.
Para receber o título de hebiatra, o médico precisa fazer dois anos de especialização em pediatria e mais dois de especialização em medicina do adolescente.
Drauzio O que diferencia a medicina aplicada à adolescência, da pediatria e da medicina com enfoque na vida adulta?
Maurício de Souza Lima – A adolescência é uma fase peculiar da vida. Nenhuma outra é tão marcada por mudanças físicas e questões relacionadas ao desenvolvimento psicossocial como essa, que vai do fim da infância até a entrada no mundo adulto, ou seja, dos 10 aos 20 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde.
O médico hebiatra é um clínico-geral especializado em adolescentes. Cuida do desenvolvimento físico, tratando e prevenindo doenças do jovem nessa faixa de idade. Verifica se está crescendo adequadamente, ou não, e prescreve as vacinas que precisam ser ministradas na adolescência. Todo mundo se lembra das vacinas que devem ser tomadas na infância. Já as da adolescência, muitas vezes, ficam relegadas a um segundo plano.
É função também do hebiatra estar atento ao desenvolvimento psicossocial no que diz respeito ao convívio social, como a interação com o grupo de amigos, a experimentação de drogas, o início da sexualidade.
PRINCIPAIS DÚVIDAS
Drauzio De acordo com sua experiência, o que leva o adolescente a procurar um médico?
Maurício de Souza Lima – Com grande frequência, são as preocupações com o corpo. Por exemplo: uma situação comum nessa fase é a do garoto de 13 anos, o mais baixinho da classe, que quer saber se há algo errado com ele e se poderia tomar hormônios para crescer mais depressa. Para esses, vou logo adiantando que são raras as pessoas que precisam de hormônios para crescer e que sua indicação depende de mapear o desenvolvimento da puberdade, o que tem de ser feito com muito critério.
As dúvidas relacionadas com a sexualidade são outro motivo que leva o adolescente ao hebiatra, em geral, por indicação de um amigo da mesma idade. Às vezes, uma experiência homossexual nessa fase angustia muito o jovem, embora não queira dizer que sua orientação sexual vá seguir por esse caminho.
Já atendi também muitos adolescentes angustiados porque eram BV, na linguagem deles boca virgem, isto é, nunca tinham beijado, ou BVL, boca virgem de língua. Esses são termos que aprendi recentemente, como aprendi que BL quer dizer boca livre e se aplica à festa em que as bocas estão todas à disposição de quem quiser beijá-las. No meu tempo, boca livre era um tipo de festa em que se podia comer e beber à vontade e sem pagar. Esse exemplo mostra que é preciso estar atento para entender o linguajar do adolescente.
Há, ainda, o adolescente que nos procura porque experimentou uma droga e quer saber se está viciado e ficou dependente. Atualmente, está crescendo o consumo do ecstasy, que eles chamam de “bala”.
Tem ficado evidente nos últimos anos que o mundo do século XXI gira rápido e que determinadas situações estão ocorrendo cada vez mais cedo. Aquilo que na década de 1980, um jovem com 15, 16 anos estava começando a fazer, hoje os jovens fazem aos 13 anos.
Drauzio O problema é que os adultos se chocam com essa precocidade do desenvolvimento…
Maurício de Souza Lima – Exatamente. Muitos pais acham que é cedo para conversar com o filho de doze anos sobre sexo e drogas. O problema é que o mundo de hoje favorece o contato com esses assuntos. A televisão, as bancas de jornal, o cinema, a internet, tudo facilita que esse contato ocorra mais cedo. Nossa obrigação é informar, embora possa parecer uma intervenção precoce, porque as coisas acontecem e não dá para fechar os olhos. Não dá para esperar que o filho tenha 15 ou 16 anos, porque aí pode ser tarde demais.
É preciso antecipar o momento da conversa para que os adolescentes possam a aprender a pensar antes de agir, uma vez que eles normalmente agem sem pensar.
FORMAS DE PENSAR
Drauzio Quais são as linhas-mestras do pensamento do adolescente?
Maurício de Souza Lima – Em geral, o adolescente tem um falso sentimento de onipotência – acha que pode tudo – e de onisciência – acha que sabe tudo. Na verdade, acreditam que nada de errado lhes pode acontecer. Quem vai engravidar é sempre a filha da vizinha, porque não sabe fazer as coisas direito. Ele usa drogas, mas isso não tem importância, porque para quando quiser. Esse tipo de pensamento mágico acaba, muitas vezes, expondo os adolescentes a situações de risco, principalmente quando querem destacar-se perante o grupo de amigos.
Se o pai diz: “Olhe, leve o guarda-chuva, porque vai chover” ou “Ponha um agasalho, que está frio”, ele imediatamente retruca que não quer “pagar mico” diante dos colegas. Atitudes como essa podem tornar, muitas vezes, o relacionamento do dia a dia mais difícil.
Questionar tudo, querer saber os porquês também são características comuns da forma de pensar dos adolescentes. Muitos os consideram pessoas difíceis nessa fase, dizem que são “aborrecentes”. Acho um erro chamá-los assim, porque é um mau começo para estabelecer contato proveitoso com eles.

DrauzioQuais os principais assuntos que devem ser discutidos com os adolescentes?
Maurício de Souza Lima – Acho fundamental discutir com o adolescente todas as questões que fazem parte do seu cotidiano, a fim de que disponha das informações necessárias para pensar antes de agir. Só assim, diante de uma situação nova, ele não será apanhado de surpresa. Muitos já me disseram textualmente: “Sabe, na hora eu lembrei da consulta ou do que meu pai e minha mãe falam e achei melhor não fazer aquilo”.
Os pais imaginam que os filhos não prestam atenção em suas palavras, não lhes dão ouvidos. Não é verdade. A família é o principal fator de proteção nessa fase. Quanto mais diálogo houver, quanto mais os pais conhecerem o filho, os amigos do filho e quanto mais souberem o que ele está fazendo, melhor será o resultado.
Isso não quer dizer que devam ficar as 24 horas do dia atrás do filho. Não seria saudável nem para os pais nem para o adolescente. Mas, é sempre importante participar do seu mundo e criar momentos mágicos na relação que favoreçam o diálogo. A cena da novela, a notícia do jornal, um comentário do amigo podem ser o pretexto oportuno para os pais expressarem sua opinião. É de extrema importância os filhos saberem que podem conversar com os pais e ouvirem sua opinião sobre determinados assuntos. Infelizmente, na correria do mundo de hoje, esse contato está desaparecendo e os jovens ficam sem modelos. Por isso, buscam na internet ou com os amigos, que às vezes sabem tão pouco como eles, as respostas para questões fundamentais, básicas da vida.
INICIAÇÃO SEXUAL
Drauzio As duas questões que mais angustiam pais e mães de adolescentes é a iniciação sexual e o uso de drogas ilícitas. Existe idade que a medicina estabeleça como ideal para o início da vida sexual?
Maurício de Souza Lima – Especialmente hoje, é muito difícil dizer qual seria o momento adequado para a iniciação sexual. Em 1900, a primeira menstruação ocorria, em média, aos 16 anos. Atualmente, ocorre aos 12 anos, e não se pode esquecer de que ela é um efeito tardio na escala do desenvolvimento feminino.
Nas meninas, o primeiro sinal da entrada na puberdade é o crescimento das mamas, do broto mamário, que acontece dois anos, dois anos e meio antes da menarca. Por isso, existem meninas que aos doze anos já menstruaram, têm corpo e estatura de mulher adulta e existem aquelas que ainda não atingiram a puberdade e têm corpo infantil.
Com os meninos, a mesma coisa, embora entrem na puberdade um pouco mais tarde que as meninas. Elas amadurecem mais cedo física e emocionalmente. É comum uma garota de doze anos, na sexta-série, interessar-se por um garoto da 8ª, com 14, 15 anos, enquanto seu colega da mesma idade ainda está brincando de empurra-empurra com os companheiros na hora do recreio.
Portanto, é muito difícil apontar uma idade cronológica ideal para o início da vida sexual. O mais acertado é verificar o estágio de maturação sexual do adolescente para determinar se está apto ou não para esse tipo de experiência.
Muitos meninos com 14 anos angustiam-se muito e querem saber se podem fazer alguma coisa para acelerar o processo de desenvolvimento, porque ainda têm corpo, rosto de criança, estatura inferior à de outros meninos da mesma idade, nunca beijaram uma garota e não são convidados para as festas.
Atualmente, o que se constata é que a iniciação sexual começa cada vez mais cedo e de forma pouco responsável. Como isso acarreta muitos transtornos para os jovens, é importante dar-lhes todos os instrumentos para que saibam lidar com a situação (que pode ser o primeiro beijo ou a primeira relação sexual propriamente dita) mais respaldados e com mais responsabilidade.
DrauzioComo o hebiatra aborda as questões relacionadas com a sexualidade dos adolescentes?
Maurício de Souza Lima - Ao discutir as questões relacionadas com a sexualidade, o primeiro objetivo do médico de adolescentes é que tenham uma vida sexual sadia. Por exemplo, camisinhas todos conhecem e sabem que devem usar em todas as relações sexuais, independentemente de o jovem achar que aquela pessoa é o homem ou a mulher de sua vida e que vão casar-se um dia. No entanto, eles usam a camisinha nos primeiros 15, 20 dias de namoro, mas depois abandonam porque estão apaixonados, e eles se apaixonam com muita facilidade nessa fase da vida.
Não se pode ignorar que muitas meninas engravidam aos 13, 14 anos. Embora um pré-natal bem feito possa ajudá-las a ter uma gestação e um parto mais seguro, o que observo no ambulatório do Hospital das Clínicas (SP) para filhos de mães adolescentes é que, na maioria das vezes, essa gravidez representa a interrupção de um projeto de suas vidas.
Drauzio Você disse que a iniciação sexual de alguns adolescentes pode ser por uma experiência homossexual passageira.
Maurício de Souza Lima – Eu a coloco como uma experimentação da sexualidade, não como uma orientação definida da sexualidade. Sempre que toco nesse assunto, acho imprescindível deixar bem claro que ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. Por isso, o correto é falar em orientação sexual e não opção sexual.
Na adolescência, às vezes, podem ocorrer experimentações homossexuais. Esse tema vem sendo muito discutido na mídia e toda a vez que volta à pauta, numa novela ou em revistas, alguns adolescentes me procuram para saber se são homossexuais, uma vez que já rolou um beijo ou a menina já trocou carinhos com uma amiga, por exemplo.
Em relação aos pais, apesar de a homossexualidade estar sendo encarada com mais naturalidade, haja vista a parada gay na Avenida Paulista, existe um preconceito muito grande. Basicamente, eles não querem que os filhos sofram e ficam desesperados quando sabem que os filhos se envolveram numa experiência desse tipo. Na maioria dos casos, porém, foi mesmo só uma experimentação passageira para matar a curiosidade e tanto os pais quanto os filhos ficam aliviados quando sabem disso. No entanto, em alguns jovens, a orientação homossexual pode prevalecer.
DrauzioQue tipo de orientação você dá aos pais nessas circunstâncias?
Mauricio de Souza Lima – O interessante é que a primeira pergunta dos pais é sempre “Onde foi que eu errei?”, porque se sentem tomados por um sentimento de culpa muito grande. Normalmente, quando se trata de um menino, a mãe culpa o pai por ter sido ausente, por não ter levado o filho ao jogo de futebol. Quando é uma menina, ela acha que não ficou atenta aos sinais que a filha vinha dando ao longo dos anos. De qualquer modo, o que os pais mais temem é o sofrimento que a orientação homossexual possa trazer para seus filhos.
Eu procuro tranquilizá-los. Eles fizeram o que acreditavam ser o melhor para os filhos e a questão precisa ser analisada sob vários aspectos, inclusive sob o prisma da experimentação passageira. Depois converso com os adolescentes que obedecem ao mesmo padrão de curiosidade e, percebo, estarem meio perdidos, pois a mídia aborda a homossexualidade, muitas vezes, de forma rápida e superficial. Aliás, a velocidade é outra característica do mundo de hoje.
Algumas meninas já me disseram que tinham ficado com vários meninos, até que tiveram vontade de beijar a amiga. Eu lhes explico que essa necessariamente não vai ser sua orientação definitiva. Tempos depois, elas voltam e eu lhes pergunto sobre a amiga. “Ah, isso é coisa do passado. Agora estou namorando o Fulano de Tal”.
USO DE DROGAS
Drauzio De certa forma, a orientação sexual e o uso de drogas têm uma coisa em comum. A mãe encontra um baseado na gaveta do criado-mudo do filho e acha que ele caiu no mundo das drogas.
Maurício de Souza Lima – Elas se desesperam, embora seja possível que o filho tenha só experimentado a droga por curiosidade. Mesmo assim, não se pode deixar de monitorar esse jovem. Se experimentou a droga numa viagem ou numa festa e nunca mais usou, matou a curiosidade e pronto. Agora, se experimenta toda a semana, é um usuário. É preciso pontuar essas referências até para que os adolescentes se sintam mais respaldados.
DrauzioExiste grande diferença entre fumar maconha uma vez por semana e cheirar cocaína ou fumar crack.
Maurício de Souza Lima – Os efeitos da cocaína e do crack são mais devastadores, mas é importante lembrar também do ecstasy, a balinha que a moçada usa nas festas. O maior problema é a ação farmacológica dessa droga no organismo. A pessoa toma um comprimido e, durante seis horas, experimenta uma sensação agradável. Depois, para garantir esse efeito de seis horas, precisa tomar dois ou três comprimidos de uma só vez. Essa resistência que pode ser provocada por vários medicamentos, com o ecstasy, ocorre mais depressa.
O problema é que muitos adolescentes acham que, por ser chamado também de bala, ele é uma droga inofensiva – “Não, doutor, cocaína e maconha eu não uso. Eu tomo ecstasy que é menos perigoso”. Engano. O ecstasy é uma droga que pode provocar muitos danos, muitos prejuízos ao sistema nervoso.
Drauzio Que dica você dá aos pais para desconfiarem de que o adolescente está usando drogas.
Maurício de Souza Lima – Os pais precisam conhecer o filho. O primeiro sintoma de que algo de errado está acontecendo é o prejuízo nas atividades cotidianas, as alterações na rotina de vida. Se o pai percebe que o filho está apresentando baixo rendimento escolar, desinteressou-se pelas atividades esportivas que praticava diariamente, precisa investigar por quê. Sem dúvida nenhuma, a droga pode ser a responsável por essa mudança de comportamento.
Outro aspecto importante na relação pai-filho é os pais poderem expor suas preocupações para os filhos e demarcar os limites com honestidade. Quando o adolescente pergunta por que não pode chegar da balada mais tarde como o amigo, o pai deve falar com clareza: “Olhe, você deve chegar a tal hora, porque fico muito preocupado com a sua segurança”. É diferente do que acontecia no tempo do meu avô. Bastava um olhar para o filho saber como se portar. Não havia explicações, nem elas eram necessárias.


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SEXUALIDADE DEPOIS DOS 60 ANOS.

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Sexualidade depois dos 60 anos.




Muitos acham que fazer sexo é característica da juventude, quando muito da maturidade, e que a atividade sexual inexiste a partir de determinada faixa etária. Em geral, admite-se que nos homens, lá pelos 60 ou 70 anos, ela declina e, depois, desaparece de vez. Em relação às mulheres, a crença é que o fenômeno seja ainda mais precoce. A moral vigente durante séculos reforçou o mito de que o momento da menopausa e a consequente perda da capacidade de gerar filhos marcavam o fim do interesse sexual feminino.
Hoje, já existe a comprovação de que esses conceitos estão completamente equivocados. Do ponto de vista médico, o papel da sexualidade após os 60 anos é de fundamental importância para a saúde física e psíquica de homens e mulheres mais velhos. Qualquer disfunção nessa fase da existência merece ser avaliada com cuidado, porque pode ser sinal indicativo de outros problemas de saúde, como diabetes e hipertensão.

SEXO E AFETO DEPOIS DOS 60 ANOS
DrauzioCom o passar dos anos, o sexo adquire outras características. O que caracteriza fundamentalmente o comportamento sexual a partir dos 60 anos de idade?
Carmita Abdo – É um sexo mais tranquilo, próprio de quem já conviveu vários anos, tem muita intimidade e carinho pelo outro além de um conhecimento mútuo bastante grande. É um sexo menos arrojado, porém extremamente válido e importante para a manutenção da saúde. E vice-versa: fazer sexo nessa fase da vida significa ter saúde, pois, quando a sexualidade passa a ser assunto problemático, é um sinal de alerta para que outros aspectos da saúde sejam investigados cuidadosamente.
DrauzioVocê mencionou esse sexo maduro e amoroso de pessoas que têm o privilégio de compartilhar a vida sexual durante muitos anos, mas isso é privilégio de poucos. O mais comum é existir rancor entre as pessoas que viveram juntas muito tempo. Nesses casos, o sexo quase sempre desaparece do relacionamento. Como você vê esse tipo de situação?
Carmita Abdo – Difícil falar de sexo de quem conviveu muito tempo sem falar de afeto. Esses dois elementos acabam se misturando e isso provoca uma complexidade maior no relacionamento. Se o casal levou uma vida cheia de rancores, mal-entendidos e conflitos, é lógico que, depois de 30, 40 ou 50 anos juntos, os dois terão pouca disposição para um contato tão íntimo quanto o sexual, porque mal toleram conviver lado a lado.
Em compensação, se o casal teve uma vida de aproximação, cumplicidade e companheirismo, nessa etapa o sexo permanece como que coroando o relacionamento. Como já disse, é um sexo suave, bem menos frequente, porque a necessidade é menor do que na juventude. Um garoto de 18 anos, por exemplo, consegue manter várias relações no mesmo dia. Já um senhor de 60, 65 anos tem necessidade de um relacionamento a cada semana, ou a cada dez ou quinze dias, frequência essa determinada também pelo interesse da esposa que costuma ser abrandado com o decorrer do tempo.

PROTEÇÃO PARA O ORGANISMO
DrauzioNão se mais se discute que a entrada de sangue no pênis e a ereção dela resultante fazem parte de um mecanismo que ajuda a preservar todo o sistema. É possível que haja mecanismos semelhantes em relação aos genitais femininos. Será que a redução na frequência da atividade sexual não vira uma bola de neve que faz reduzir ainda mais essa frequência?
Carmita Abdo – Observa-se que quanto maior a frequência das relações, mais aptos os genitais se apresentam para o ato sexual, inclusive nas mulheres. A atrofia e a secura vaginal são mais pronunciadas naquelas que evitam o sexo ou têm poucas relações sexuais. Já as que se mantêm ativas têm melhor lubrificação e mucosa da vagina mais espessa. Dessa forma, não é exagero dizer que o ato sexual é uma proteção para os órgãos genitais e para o organismo como um todo.
No entanto, é preciso ressaltar que muitas vezes não existe um problema genital nem com a sexualidade. É muito comum, por exemplo, a depressão abater as pessoas nessa fase da vida. A mulher, que está aposentada ou nunca trabalhou fora, de repente se sente sem nenhuma função porque os filhos casaram ou foram morar sozinhos. O marido continua ativo ou não demonstra interesse por ela. Tudo isso somado faz com que perca o entusiasmo pelo sexo. Melhorar seu estado de humor é fundamental para reverter esse processo.

DrauzioVocê aconselha as mulheres que vivem tais desencontros ou não têm parceiros sexuais a se masturbarem?
Carmita Abdo – A masturbação é importante para manter a atividade das glândulas e a lubrificação e para evitar uma atrofia cada vez mais pronunciada pelo desuso. Muitas se constrangem diante da sugestão e reagem – “Eu, na minha idade, tendo de passar por esse vexame?” – Não é um vexame. É uma prática saudável que vai torná-la mais disposta e dar-lhe maior entusiasmo para perceber que essa carência está repercutindo em outras áreas de sua vida e podem ser razão do atual desânimo e desinteresse pelo cotidiano.
Eu diria, então, que a depressão pode levar ao desinteresse sexual e vice-versa, o desinteresse sexual pode levar à depressão. Por isso, é importante que a pessoa se cuide e procure saber o que está realmente acontecendo com ela a fim de que possa tomar as medidas que se fazem necessárias para a solução do problema.
SEXO DEPOIS DA MENOPAUSA
Drauzio No caso das mulheres, essa fase da vida corresponde ao período da menopausa que vem acompanhada de outros eventos orgânicos que interferem na sensualidade. A flacidez da pele, a deposição de gordura em certas partes do corpo, a secura vaginal fazem com que se sintam mais envelhecidas e menos atraentes. Como você orienta as mulheres com esse tipo de problema?
Carmita Abdo - Atualmente, existem vários recursos para a mulher ter uma menopausa mais tranquila. Por isso, todas devem procurar um ginecologista a fim de evitar que esses sintomas sejam acentuados e desconfortáveis.
Por outro lado, é importante destacar que essa expectativa de beleza e juventude eterna é própria da cultura ocidental. Sabemos que, em alguns países, a mulher mais velha é respeitada por sua experiência e não se torna um ser desprezível, porque não está malhada nem tem aparência juvenil. Nós, ao contrário, tentamos de todas as formas aparentar menos idade e, assim, colaboramos para solidificar o preconceito de que só o que jovem e belo vale a pena. É importante cuidar da saúde. Condeno, porém, o uso de artifícios cada vez mais sofisticados para parecer mais moço. A experiência adquirida ao longo dos anos precisa ser valorizada e essa é a maior beleza que a mulher pode ter nessa fase da vida.

Drauzio – Existem recursos para evitar que a secura vaginal interfira na vida sexual das mulheres?
Carmita Abdo – Toda mulher pode melhorar esse sintoma com o uso de determinados medicamentos. Aquelas, para as quais a prescrição de hormônios por via oral é desaconselhada, precisam valer-se de outros tipos que podem ser colocados diretamente na vagina. Às vezes, o ato sexual fica dificultado por falta de lubrificação, já que o atrito provoca dor. Nesse caso, o ginecologista irá recomendar a reposição hormonal ou o uso de cremes vaginais que atuarão sobre esse evento desagradável.
INTERESSE SEXUAL: SINAL DE SAÚDE
Drauzio – Existe uma idade limite para terminar a vida sexual feminina?
Carmita Abdo A vida sexual não deveria terminar nunca. Ela deveria continuar existindo, enquanto houvesse vida, com as características próprias de cada fase, como acontece com as outras funções vitais.
Quando ficamos mais velhos, não conseguimos comer o que o jovem come, nem fazer sexo da mesma forma, mas é fundamental que a sexualidade não desapareça. Por que digo que é fundamental? Porque sexo é sinal de vida, de interesse e de saúde. Por que não procurar o ginecologista ou o urologista para saber o que está acontecendo se o interesse sexual está declinando? Uma das causas pode ser a depressão, mas existem outras. Dificuldade de ereção nos homens pode ser provocada por diabetes, hipertensão ou uso de medicamentos como antidepressivos e anti-hipertensivos. Atrás de um problema sexual pode estar camuflado outro problema de saúde que merece tratamento. Costumo dizer que o desempenho sexual é um marcador de saúde. Se o desempenho está bom, a saúde está boa. Se ele deixa a desejar, é importante consultar um médico para avaliação do estado físico e psíquico da pessoa.

DIFICULDADES MASCULINAS
Drauzio Os homens começam a se queixar de mais dificuldades sexuais a partir de que idade?
Carmita Abdo - A partir dos 50 anos, a queixa é a perda gradativa da capacidade de ereção. O homem começa a perceber que não tem mais a potência que tinha quando jovem. Essa tendência se acentua com sedentarismo, obesidade, abuso de bebidas alcoólicas e hábito de fumar. Logicamente, esses elementos somados fazem com que o organismo se ressinta e levam a maior dificuldade de ereção.
Drauzio – O sildenafil, primeira droga de uso recreacional que provoca ereção muito eficaz e foi aprovada pelos institutos que regulam o uso de medicamentos, representou uma revolução no campo da sexualidade masculina. Qual foi o impacto do sildenafil na sexualidade dos homens mais velhos?
Carmita Abdo Foi realmente um impacto grande que levou muitos homens a procurar o médico para saber se podiam ou não valer-se desse medicamento. Recuperar a ereção foi uma vantagem do sildenafil para o desempenho sexual masculino, mas verificar como estava a saúde naquele momento foi vantagem ainda maior. Muitos casos de diabetes, hipertensão, obesidade, colesterol alto puderam ser detectados a partir dessa visita ao médico.
É sempre importante repetir que a dificuldade de ereção está ligada aos mesmos fatores de risco que levam às doenças do coração. Falhar na cama não significa apenas um distúrbio sexual, significa estar precisando cuidar da saúde.
HOMENS MAIS VELHOS – MULHERES MAIS JOVENS
Drauzio É frequente encontrar homens mais velhos acompanhados de meninas com idade para serem suas filhas ou netas até. A que se atribui esse interesse dos homens mais velhos por moças tão mais jovens?
Carmita Abdo Muito se simplifica esse assunto. A explicação para “trocou uma de 60 por duas de 30” parece óbvia: as de 30 anos são mais viçosas e interessantes. No entanto, existem outras questões envolvidas nesse comportamento. Rancores e mágoas acumuladas ao longo da vida do casal levam o homem a procurar um relacionamento fora de casa. Além disso, a mulher mais jovem é mais disponível sexualmente e mais interessante por sua beleza e disponibilidade.
Mas existe outro fator. A companheira de muitos anos sabe o quanto aquele homem perdeu sua capacidade de ereção. Ela é testemunha viva desse processo e isso é constrangedor para ele. A mulher mais jovem não acompanhou esse declínio. Por outro lado, é difícil o homem conformar-se com a sexualidade mais tranquila e esporádica que muitas mulheres lhe impõem com o passar da idade.

Drauzio Esses homens que se relacionam com mulheres mais jovens têm mesmo uma melhora no desempenho sexual? Pelo menos, eles se referem a essa melhora nos consultórios médicos.
Carmita Abdo É nos consultórios médicos que eles vão buscar a melhora no desempenho sexual, o que realmente ocorre porque eles começam a se cuidar como deviam. Fazem dieta, adotam hábitos mais saudáveis, param de fumar e de beber exageradamente e passam a praticar esportes. Querem ficar mais bonitos para fazer jus a essa companheira tão vistosa. Essa mudança de hábitos traz benefícios importantes para a sexualidade e para a saúde de maneira geral.
MULHERES MAIS VELHAS – HOMENS MAIS NOVOS
Drauzio – No caso das mulheres que se interessam por rapazes bem mais jovens, comportamento que está se tornando mais frequente, o desempenho sexual também melhora?
Carmita Abdo Nesses casos, embora muitas vezes seja um fato inédito na vida dessas mulheres, são elas que conduzem o relacionamento, porque têm geralmente mais experiência do que os rapazes. Esse papel diferente dá um novo elan à vida sexual. Além disso, eles costumam ser bem mais carinhosos e interessados do que os parceiros mais velhos.
Diria também que os jovens têm buscado para a iniciação sexual mulheres mais velhas, esperando delas compreensão para sua inexperiência e possíveis falhas. Sexualmente menos agressivas, elas tomam o lugar das moças que se têm tornado cada vez mais liberadas e exigentes.

DESCOMPASSO ENTRE OS PARCEIROS
Drauzio Há casais que convivem harmoniosamente, têm filhos e netos, mas o sexo foi diminuindo e desapareceu da relação. Como você orienta esses casais?
Carmita Abdo – Alguns desses casais vivem bem, apesar de a atividade sexual estar se esvaindo. O sexo para eles foi realizado na medida das necessidades, talvez porque tenham priorizado a reprodução ao erotismo, ou porque já se tenham realizado na maternidade e na paternidade e vejam o sexo como meio para a procriação. Pouco a pouco, a prática sexual foi sendo abandonada e eles não se abalam com isso. Ele não procura ninguém de fora e ela também não. O difícil é quando não existe essa compatibilidade. Às vezes, esse descompasso gera acordos implícitos para que o parceiro ainda interessado em sexo possa procurá-lo fora do casamento. E aí começam os problemas. Se a princípio o outro cônjuge aceitou a situação, deixa de fazê-lo quando percebe que o relacionamento externo tornou-se mais envolvente e pode provocar uma separação que trará dramas familiares muito sérios nessa altura da vida.
VIDA SEXUAL DEPOIS DOS 60
DrauzioEsses casais que deixam o sexo morrer com a passagem dos anos conseguem levar uma vida plena ou se acomodam achando que isso faz parte da vida e que a velhice é mesmo assim?
Carmita Abdo – O problema é que homens e mulheres que interrompem a atividade sexual acabam abandonando outras formas de prazer na vida. Geralmente se desinteressam do contato social, desistem de saber a quantas os filhos andam e não aproveitam a oportunidade para desenvolver uma relação próxima e prazerosa com os netos. São pessoas que perdem o estímulo na vida que vai se tornando um fardo difícil de carregar. Estão deprimidas e não sabem. Pouco a pouco vão morrendo, ou levando uma vida vegetativa, que se torna um fardo difícil de carregar sem os prazeres de cada dia.
A velhice não deveria ser assim. Por isso, aos primeiros sinais de desânimo e desinteresse, é preciso buscar dentro de si as razões para esse estado de espírito. Não conseguindo encontrar as respostas sozinho, a ajuda de um profissional, de um médico, é indispensável. Não é natural nem humano desistir de uma série de atividades que são biológicas, estão ligadas ao emocional e nos asseguram a vontade de viver.

Drauzio Você aconselha que os casais lutem para preservar sua vida sexual através dos anos?
Carmita Abdo – Aconselho. E digo mais. Vida sexual que se interrompe brusca ou gradativamente precisa ser pesquisada. Pode ser que um problema físico ou emocional esteja se instalando. Algumas pessoas podem perder o interesse sexual com o passar do tempo e isso faz parte intrínseca da natureza delas, não há nada de errado. No entanto, a maioria que se desinteressa por sexo, está vivendo um problema emocional ou físico que precisa ser cuidado.


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PRIMEIRA CONSULTA AO GINECOLOGISTA.

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Primeira consulta ao ginecologista.




Nem faz tanto tempo assim que as mocinhas menstruavam mais tarde e iam pela primeira vez ao ginecologista, já casadas, depois que engravidavam. Antes disso, só consultavam um médico, na maior parte das vezes um clínico geral, velho amigo da família, se tivessem algum problema sério de saúde.
Atualmente, as meninas menstruam mais cedo e o início da vida sexual é mais precoce. Teoricamente, antes que isso aconteça, é o momento ideal para a primeira consulta ao ginecologista. O problema é que muitas mães têm medo de que levar a filha adolescente ao ginecologista possa representar um incentivo ao início de sua vida sexual. Puro engano! Quando a garota decide que chegou seu momento, com ou sem a aprovação materna, iniciará a vida sexual e é melhor que esteja informada e protegida contra doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gravidez.
APARELHO GENITAL FEMININO

Drauzio – Você poderia dar uma noção a respeito dos órgãos genitais externos da mulher?
Mauro Sancovski – Acho importante que todas as mulheres,
especialmente as meninas que vão começar o ciclo menstrual, conheçam seu próprio corpo, tenham noção de sua anatomia.
Na imagem 1, estão representados os órgãos genitais externos.A extremidade inferior da vagina, ou introito vaginal, está localizada muito perto do meato uretral, orifício por onde sai a urina. A proximidade entre vagina e uretra explica a frequência da infecção urinária nas mulheres. Muitas vezes, entretanto, a dor não provém da infecção, mas de um corrimento vaginal que provoca irritação na uretra. Os grandes lábios constituem a parte mais externa e carnosa. Por dentro deles estão os pequenos lábios, delicadas pregas cutâneas e o clitóris e o monte de Vênus, uma região coberta por pelos.
Na imagem 2, aparece o hímen, uma membrana perfurada existente na entrada da vagina e que é normalmente rompida na primeira relação sexual. Existem vários tipos de hímen. Alguns são mais carnosos como esse. Por ser mais grossa a espessura da pele, no momento da ruptura pode haver um ligeiro sangramento e certo incômodo.
A imagem 3 deixa ver a entrada da vagina e outro tipo de hímen, dentro do qual existe uma pequena membrana. A imagem 4 registra o hímen fenestrado, que se caracteriza pela presença de vários buraquinhos por onde escapa o fluxo menstrual.
Quando começam a menstruar, em geral, as meninas querem saber se podem usar absorventes internos. Examinando o tipo de hímen, o ginecologista poderá orientá-las. Se o hímen for mais aberto, mais complacente, a colocação desses absorventes não traz nenhum inconveniente, o que não acontece com os hímens fenestrados, por exemplo. No exame ginecológico, usando um espelho, o médico poderá mostrar-lhes o tipo de hímen que possuem e quais os cuidados que devem ser observados.
Na imagem 4, pode-se observar um caso em que já ocorreu a ruptura himenial e a entrada da vagina está mais livre.
COMBATE À INIBIÇÃO
Drauzio – As meninas não costumam olhar o aparelho genital, não é verdade?
Mauro Sancovski – Não só as meninas, mas muitas mulheres. É lógico que há mulheres que com um espelhinho descobrem coisas que, às vezes, passariam despercebidas até no exame ginecológico.
Tudo é uma questão de saber lidar com o próprio corpo e depende de como a menina foi criada. Se lhe ensinaram que mexer nos genitais é algo errado e pecaminoso, dificilmente terá naturalidade para tocá-los. Agora, se desde criança lhe disseram o contrário, ela usufruirá algumas vantagens. Primeiro, porque irá conhecer melhor seu organismo. Segundo, porque perderá o medo de colocar, por exemplo, um absorvente íntimo, um diafragma ou anéis hormonais, métodos de contracepção que implicam a necessidade de manipulação dos órgãos genitais. Além disso, sob o ponto de vista da sexualidade propriamente dita, é fundamental que ela perca esses medos todos.
IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO MATERNA
Drauzio – Existe uma regra que estabeleça quando deve ser feita a primeira consulta ao ginecologista?
Mauro Sancovski – Existe até um trocadilho a esse respeito: não existe regra, a regra é a menstruação. Na realidade, é um verdadeiro quebra-cabeça descobrir a época certa da primeira consulta ao ginecologista. Isso depende muito da menina ou da adolescente.
O primeiro passo é orientar as mulheres para que orientem bem suas filhas. Atualmente, há aulas de orientação sexual nas escolas, mas como se trata de uma atividade curricular, nem sempre as meninas prestam a devida atenção às explicações, assim como nem sempre é transmitido o que de fato importa. Algumas dominam a teoria, mas não têm a mínima noção de como ela pode ser aplicada em seu corpo no dia a dia. Conhecem o mecanismo menstrual, mas não entendem como funciona a própria menstruação. Por isso, acho fundamental a mãe estar preparada para transmitir à filha a informação necessária a fim de que não se assuste com a menstruação. Ela precisa também tomar cuidado para não lhe transferir todos os seus temores e sofrimentos. Muitas mulheres continuam sentindo cólicas e tensão pré-menstrual, embora atualmente haja recursos terapêuticos para evitá-las.
A partir do momento em que a menina menstruou, se sentir necessidade, deve ser levada ao ginecologista. Nunca deve ser levada à força, contra vontade. A maneira como a mãe encara a imagem do médico ao longo da vida, é de fundamental importância. Se cresceu ouvindo a mãe reclamar das idas ao consultório, não verá com bons olhos a primeira consulta. Agora, se a mãe considera o ginecologista uma pessoa amiga, que vai ajudá-la a conviver melhor com seus problemas ou a resolvê-los satisfatoriamente, a menina aceitará a ideia com tranquilidade. Uma sugestão é a garota ir com a mãe a uma das consultas não como cliente, mas como simples acompanhante.
Drauzio – Sua experiência diz que as meninas procuram o ginecologista quando estão pensando em iniciar a vida sexual?
Mauro Sancovski – O ideal seria que a primeira consulta fosse feita antes do início da vida sexual. Todavia, a experiência diz que as meninas procuram o ginecologista depois disso. A maioria o faz por sugestão da mãe que, ao tomar conhecimento do fato, encaminha a filha ao médico não para fazer exames, mas para receber orientação em termos de prevenção de doenças e de gravidez indesejada. Nessa ocasião, é importante tranquilizar a menina a respeito do exame ginecológico, porque o maior temor é que ele seja traumático.
Na verdade, a criança bem orientada pela mãe, que entrou tranquila no período menstrual, não precisa necessariamente ir ao ginecologista. No caso, porém, de a mãe sentir-se insegura para desempenhar esse papel, deve consultar a filha sobre a possibilidade de receber orientação mais visual e técnica de um médico ginecologista. Nesse primeiro contato, não há necessidade de exames nem da mesa ginecológica. O mais importante é o médico cativar a adolescente e convencê-la de que tem um aliado com o qual poderá contar para qualquer emergência, e que ela pode procurá-lo sem depender da mãe para trazê-la ou não.
EXAME GINECOLÓGICO
Drauzio – Quando uma paciente chega ao consultório pode ficar assustada com o equipamento que vocês usam?
Mauro Sancovski – Vai depender muito do tipo do consultório, se é público ou privado, mas acho importante que ela conheça o ambiente e os equipamentos. No geral, o padrão é semelhante ao que aparece na imagem 5. Nele existe uma mesa ginecológica com dois apoios laterais para colocar as pernas na qual a mulher fica semissentada de maneira a deixar a genitália exposta para ser examinada. Há também um foco de luz e um espelho que pode ser direcionado num ângulo tal que lhe permita ver os órgãos genitais externos e, muitas vezes, também os internos, possibilitando-lhe, assim, a oportunidade de acompanhar o próprio exame ginecológico.
Drauzio – Qual a importância do espéculo para o exame ginecológico?
Mauro Sancovski – O espéculo é um instrumento muito importante para o exame ginecológico. O que aparece na imagem 6 é descartável. Muitas mulheres o chamam de bico de pato e se enchem de pavor só de pensarem usá-lo. Esse é um medo sem fundamento. O exame ginecológico não dói se for feito com cuidado e corretamente pelo médico e a mulher estiver relaxada. Além disso, ele tem a grande vantagem de possibilitar o exame de alguns órgãos internos sem recorrer a outros procedimentos de diagnóstico.
Drauzio – Vamos explicar como ele é usado?
Mauro Sancovski – O espéculo é um aparelho excepcional que permite a visualização do útero. É introduzido na vagina numa posição que não machuca a mulher que precisa estar relaxada nesse momento. Por isso, o médico deve conversar com ela, para que fique tranquila e solte o corpo na mesa, o que facilita muito a introdução do aparelho e o exame. A imagem 7 registra a entrada da vagina e, em marrom, o útero.
Drauzio – A imagem 7 reproduz o que o médico vê quando introduz o espéculo na vagina da mulher?
Mauro Sancovski – O médico consegue ver o colo do útero direitinho. Nessa imagem, estamos colhendo material para o exame de Papanicolaou. Muitas mulheres têm medo injustificado desse exame, que é muito simples. Num movimento circular, com um cotonete ou uma espátula parecida com um palito de sorvete, o médico colhe células superficiais que descamam dessa região, põe numa lâmina onde são coradas e envia a um patologista a fim de identificar suas características.
IMPORTÂNCIA DO TOQUE VAGINAL
Drauzio – A imagem 8 mostra um toque vaginal. O ginecologista introduz dedos na vagina da mulher, com a outra mão sobre o abdomen ajeita a posição dos órgãos e apalpa-os. O que ele quer observar com esse exame?
Mauro Sancovski – O toque é muito importante, porque permite analisar as condições em que se encontram os órgãos internos da mulher. Fazendo o toque, o ginecologista pode examinar o útero e verificar se existe alguma massa ou processo expansivo em desenvolvimento nos ovários, ou se eles estão inflamados. Em muitos aspectos, o ultrassom não consegue substituir o exame clínico do toque que deixa avaliar a posição do útero numa moça com dificuldade para engravidar, por exemplo. Na verdade, esse exame é insubstituível em algumas situações.
ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS
Drauzio – Acho que é importante mostrar a anatomia dos órgãos genitais internos.
Mauro Sancovski – O médico não pode mostrar a anatomia dos órgãos genitais internos no próprio corpo da paciente como consegue fazer com os órgãos externos. Embora não consiga enxergá-los, porque se localizam dentro do abdômen, precisa entender como funcionam.
O útero ocupa o centro da imagem 9. Chamado de mãe do corpo, é o órgão que menstrua, quando a gravidez não ocorre, e alberga o feto durante toda a gestação. Trata-se de um músculo com enorme capacidade de distensão provocada pela disposição de suas fibras que esticam e voltam ao normal depois do nascimento da criança. Apesar de medir apenas 7cm, consegue guardar dentro de si um bebê de 4kg.
De um lado e outro do útero estão os dois ovários, órgãos responsáveis por abrigar as células germinativas da mulher, produzir os hormônios sexuais femininos e desenvolver as características sexuais secundárias (pelos pubianos, desenvolvimento dos quadris e das mamas e tonalidade da voz). Todos os óvulos que uma mulher possui estão com ela desde a vida intrauterina, isto é, desde quando ainda habitava o ventre de sua mãe. Durante toda a infância, eles permaneceram guardadinhos nos ovários e são liberados ciclicamente todos os meses, em geral, um de cada vez. O óvulo é captado pelas trompas, ou tubas uterinas, pequenos canais que desembocam no útero (imagem 10), e caminha por elas estimulado por sua contração ou movimento dos cílios existentes no seu interior. Se por ventura a mulher tiver uma relação sexual no período em que o óvulo está sendo liberado, os espermatozoides atravessarão o colo do útero e chegarão às trompas onde ocorre a fecundação. Unidos, óvulo e espermatozoide transformam-se num ovo que vai se dividindo e caminhando pelas trompas até cair novamente no útero em cujas paredes se fixa.
Drauzio – No exame de toque você consegue sentir todos os órgãos internos?
Mauro Sancovski – No exame de toque consigo sentir bem o útero, saber seu tamanho e posição e perceber se está aumentado. Os ovários também podem ser tocados e dá para dizer se estão normais ou não. Em alguns casos, é mais difícil apalpá-los. Isso indica que não estão aumentados, sinal de normalidade. Em relação às trompas, não se consegue senti-las a não ser que estejam inflamadas. O exame de toque permite identificar grandes patologias do útero, por exemplo. Para definir detalhes, o ultrassom é um recurso muito importante.
EXAME DE PAPANICOLAOU
Drauzio – O exame Papanicolaou é feito a partir de células colhidas no útero. Que informações busca o patologista que examina a lâmina?
Mauro Sancovski – O Papanicolaou é o exame príncipe na prevenção contra o câncer ginecológico. Ele trouxe um grande benefício para a mulher, porque previne o câncer de colo de útero, responsável por muitas mortes no passado. Com uma espátula semelhante a um palito de sorvete ou a um cotonete, num movimento circular, são raspadas as células superficiais do colo uterino (imagem 11). Examinando-as, o patologista consegue identificar alterações celulares sugestivas da infecção pelo HPV (papilomavírus humano), indício importante para a prevenção do câncer de colo uterino.
Drauzio – Com que idade e com que frequência o exame de Papanicolaou deve ser feito?
Mauro Sancovski – Não existe idade definida para esse exame. Entendemos que deva ser feito a partir do momento em que a mulher passa a ter vida sexual ativa. É cabível perguntar, então, se por volta dos 40 anos, a mulher que não tem atividade sexual precisa fazer o Papanicolaou. Ela deve fazer. Mesmo nas virgens, o material pode ser colhido com cotonete sem nenhum trauma. No entanto, a probabilidade de que não tenha problema algum é muito grande, porque é a vida sexual que favorece o aparecimento de alterações no colo do útero. Múltiplos parceiros simultâneos, infecções cruzadas, relação sexual sem o uso de preservativos são fatores de risco para o carcinoma de colo uterino.
A recomendação é que o Papanicolaou, assim como os exames de mama, sejam feitos uma vez por ano. Na rede de saúde pública, muitas vezes, ele é feito a cada dois anos, mas o ideal seria que fosse realizado anualmente.
REGISTRO DO CICLO MENSTRUAL
Drauzio – Na fase da adolescência, que outros problemas podem aparecer no aparelho genital feminino?
Mauro Sancovski – Talvez não seja um problema, mas a adolescente precisa conhecer seu ciclo menstrual. Por isso, deve marcar a data das menstruações, quanto duraram e se o fluxo foi abundante ou não. Existem calendários próprios para esse registro que fornece ao médico ideia mais precisa de como funciona o mecanismo menstrual daquela mulher.
Drauzio – Elas devem marcar as datas porque, depois de algum tempo, a tendência é esquecer, não é mesmo?
Mauro Sancovski – Quando lembram, sabem apenas a data da última menstruação. Por isso, é preciso marcar regularmente. Toda a adolescente possui uma daquelas agendas que vão engordando com recortes, fotografias, etc. Eis um bom lugar para marcar o dia em que desceu a menstruação, se desceu pouco ou muito e quantos dias durou. Dessa forma, no fim do ano, conseguirá organizar os dados necessários para estabelecer o padrão de seu ciclo menstrual.
DÚVIDAS MAIS FREQUENTES
Drauzio – Quais são as dúvidas mais comuns entre as adolescentes que procuram você no consultório?
Mauro Sancovski – Elas têm muitas dúvidas no que se refere à menstruação e ao risco de gravidez. O médico tem que explicar o mecanismo do ciclo menstrual e orientá-las sobre um método de contracepção seguro, se já iniciaram ou querem iniciar a vida sexual.
Muitas adolescentes, apesar da vida sexualmente ativa, não sabem o que seja prazer nem orgasmo. Muitas vão à consulta com os namorados e, quando lhes pergunto se sentem prazer, não sabem sequer informar. Passam a impressão de estarem fazendo uma coisa mecânica, sem grande envolvimento.
Por essa razão, sempre oriento as moças que me procuram antes de terem atividade sexual para não precipitarem a relação se não sentirem que aquele é o momento certo e o parceiro adequado. No entanto, se quiserem ter relação, que a tenham sem culpa, sabendo que, usando preservativos, estarão protegidas contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.
Digo-lhes que, se não estiverem relaxadas, a relação pode ser dolorosa, não haverá prazer e, no fundo, estarão torcendo para que tudo acabe logo. A adolescente precisa ir para um relacionamento sexual segura do que quer, independentemente do que a mãe pensa ou acha, segura de que nada irá atrapalhar ou complicar o exercício de sua sexualidade plena.

Drauzio – Existe uma idade em que o aparelho reprodutor feminino possa ser considerado “amadurecido” para o início da vida sexual?
Mauro Sancovski – Têm ocorrido mudanças no amadurecimento do aparelho reprodutor feminino. Existe mesmo uma antecipação na idade da primeira menstruação. O grande problema não é o amadurecimento do aparelho reprodutor. É a maturidade emocional da menina. Embora sejam muito mais maduras que os meninos da mesma idade, muitas não estão prontas para iniciar a vida sexual e não é pequeno o número das que engravidam. As pessoas estão cada dia crescendo mais. Aos quinze, dezesseis anos, as adolescentes são mulheres de porte grande. O problema não é físico, é de maturidade.
MENSAGEM AOS PAIS
Drauzio – Você tem alguma mensagem para mães e pais dessas meninas em relação à primeira consulta ao ginecologista?
Mauro Sancovski – As mães devem orientar suas filhas a respeito da importância da consulta ao ginecologista. Na verdade, tudo depende de como a mãe apresenta o problema.
Embora não goste desse tipo de discriminação, às vezes faz diferença o profissional ser um homem ou uma mulher. Muitas adolescentes preferem uma ginecologista mulher.
É importante, ainda, a adolescente saber que tudo o que conta ao médico, desde que não a ponha em risco nem tenha um comprometimento sério demais, é um segredo entre os dois que nunca será revelado. Por isso, pode ir ao médico de confiança da mãe, abrir o coração, que ele jamais vai contar o que ouviu. Esse é um dos grandes medos da adolescente. Portanto, é fundamental que ela saiba que todos os médicos têm o dever ético e profissional de manter sigilo absoluto sobre o que disseram seus clientes.
A mãe deve levar a menina ao ginecologista para conversar e receber informações importantes. Ela precisa saber que o exame ginecológico, se absolutamente necessário, será feito na presença da mãe ou da enfermeira, se a menina assim o desejar.
É imprescindível desmistificar a primeira ida ao ginecologista na medida em que não implica um exame minucioso. A menina não está doente. Tudo vai acontecer de acordo com suas necessidades e de acordo com sua vontade.
Drauzio – Quer dizer que estão erradas as mães que não levam as filhas ao ginecologista com medo de que ele lhes dê o aval para iniciar a vida sexual?
Mauro Sancovski – A iniciação da vida sexual vai ocorrer com ou sem o aval do ginecologista ou da própria mãe. A visita ao ginecologista pode representar mais um instrumento para a menina agir de forma mais segura, se ou quando isso acontecer. Muitas mães acham levar a filha ao ginecologista pode ser sinal de que estão corroborando com a ideia de liberação da sexualidade da filha, o que não é verdade. De fato, o que está fazendo é cuidar da saúde física e mental da filha.


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