CUIDADOS COM O GOLPE BOA-NOITE CINDERELA.
Cocaína
Anfetamina e
análogos
Álcoois
Inalantes
Opiáceos e
opióides
Maconha
Anticolinérgicos
Drogas da
noite
Drogas
usadas em assaltos e estupros
Medidas de
prevenção
Intoxicação
por Drogas de Abuso
“Rape Drugs”
é o termo usado para designar certo número de drogas que tem como
característica comum, o fato de deixarem indefesas as pessoas que as utilizam.
São geralmente inodoras, incolores e sem sabor, facilmente adicionadas a uma
bebida, sem o conhecimento da vítima. Há pelo menos três tipos de rape drugs :
GHB, Flunitrazepan e Quetamina. Têm sido utilizadas também para ajudar na
prática de outros crimes, como roubo. O Termo “Boa Noite Cinderela” tem origem
no uso dessas drogas para dopar vítimas em potencial de assalto ou abuso. Essas
drogas também são bastante difundidas entre jovens freqüentadores de festas
“raves”.
As
principais substâncias encontradas no Brasil são:
•
Benzodiazepínicos: flunitrazepam (Rohypnol®).
• GHB ou
ecstasy líquido.
• Quetamina:
special K, kit kat
1.
Flunitrazepam
Produto do
grupo dos benzodiazepínicos fluorados, o flunitrazepan, conhecido no comércio
sob o nome Rohypnol®. Sua comercialização está autorizada em muitos países,
inclusive europeus, como regulador dos distúrbios do sono, mas é proibido na
América do Norte. Ele é usado como “rape drug”.
Toxicocinética
Após a
administração oral, puro ou misturado em bebidas sua absorção é quase total.
Ele tem um início de ação rápido, em 30 min, com pico plasmático em 2 horas. Só
10% a 15% são metabolizados durante sua primeira passagem pelo fígado,
resultando numa biodisponibilidade de 85%, mas o produto é quase totalmente
transformado antes de sua excreção (2% eliminado pela urina sob forma intacta).
Os principais metabólitos ativos são 7-amino-flunitrazepam e o
N-dimetil-flunitrazepam e ambos são eliminados pelos rins após
glicuroconjugação. A meia-vida de eliminação do metabólito ativo
N-dimetil-flunitrazepam é de 23 a 33 horas.
Da dose
administrada por via endovenosa, 50% são eliminados entre 16 e 35 h.
Potencialização
pelo álcool e outros depressores do sistema nervoso central.
Quadro
clínico e toxidade
Seu
mecanismo de ação se deve à sua alta capacidade de fixar-se em sítios
específicos do sistema nervoso central (receptor GABA - benzodiazepínico),
facilitando e potencializando o efeito inibitório mediado pelo ácido
gama-aminobutírico (GABA). Sua afinidade guarda estreita relação com sua
potência neurodepressora.
A dose
terapêutica para adultos é de 0,5 a 1 mg; e, em casos excepcionais, pode ser
elevada a 2 mg. Em idosos, administra-se 0,5 mg e, em circunstâncias especiais,
a dose pode ser elevada para 1 mg.
Há relato de
óbito em adulto, com uma ingesta de 28 mg.
A dose
tóxica estimada em crianças é de 0,015 a 0,030mg/kg.
Em doses
elevadas, o flunitrazepam causa amnésia anterógrada severa (perda da memória
recente secundária ao efeito da droga), desorientação, confusão, perda de
consciência, hipotensão, perda do controle muscular, depressão respiratória e,
mais raramente, coma e morte.
Diagnóstico
Ele se
baseia na anamnese detalhada e no exame físico.
O
diagnóstico laboratorial se faz por busca de benzodiazepínico em cromatografia
em camada delgada, que constitui um teste rápido.
Tratamento
Como
acontece com muitos produtos tóxicos, o tratamento é sintomático e requer
medidas de suporte.
Caso raro,
os benzodiazepínicos têm um antídoto específico que é o flumazenil (Lanexat®),
comercializado em ampolas de 5 mL com 0,5 mg (0,1 mg/mL) de produto ativo.
As doses
são, para crianças - 0,01 mg/kg, a cada 30 segundos, até haver recuperação da
consciência ou até atingir um total de 1 mg e, para adultos, 0,3 mg, a cada 30
segundos, com um máximo de 5 mg.
A dose de
manutençãoé de 0,2 a 1 mg/h em infusão contínua.
2. Quetamina
Definição
A quetamina
é um derivado da fenciclidina (PCP), criada em 1962 para ser usada como
anestésico dissociativo para uso humano (cirurgias rápidas) e, principalmente,
veterinário. Começou a ter funções recreativas nos anos 70 devido a seus
efeitos alucinógenos. Atualmente está integrada no contexto de festas rave e
como “rape drug”.
Ela é
encontrada sob a forma de pó branco, líquido ou tablete, podendo ser consumida
por via oral, inalada ou venosa.
Sinonímia
Hidrocloridrato
de Quetamina: Special K, Vitamina K, Kit Kat, Super cid, Ketalar®, Ketaset®.
Mecanismo de
ação
Antagonista
não competitivo do receptor glutamatergico N-Metil-D-Aspartato (NMDA).
Induz
anestesia sem depressão respiratória.
Inibe
recaptação de noradrenalina, dopamina, serotonina.
Atua nos
receptores colinérgicos do SNC (bloqueio neuro-muscular) e nos receptores
opióides (Analgesia).
Farmacocinética
Início de
ação: EV- de 30 a 40 segundos, IM - de 3 a 8 minutos, inalada – de 5 a 15
minutos e oral – de 5 a 30 minutos.
Duração da
ação: Os efeitos primários da quetamina duram aproximadamente entre 30 a 45
minutos quando injetada, 45 a 60 minutos quando inalada, e entre 1 e 2 horas
quando ingerida oralmente.
A
metabolização se dá por via citocromo P-450 gerando metabólitos ativos.
A excreção
se dá por via renal como metabólitos conjugados.
Meia-vida de
2 h, efeitos agudos por +/- 3h.
Quadro
clínico e toxidade
Dose
anestésica: 2 a 10 mg/kg.
As doses
recreacionais variam de 30 a 300 mg. A dosagem para a quetamina inalada varia
amplamente de 15 a 200 mg. Quando administrada IM, a dosagem varia geralmente
entre 25 e125 mg. O uso oral normalmente demanda maior quantidade, entre 75 a
300 mg.
A dose letal
mínima não está bem estabelecida. Há relatos de óbitos com doses de 900 a 1000
mg.
Baixas doses
à Dissociação: alucinações, ilusões, desrealização, despersonalização,
desaceleração do tempo, estado onírico, percepções extracorporais, atenção,
aprendizagem e memória ficam prejudicados.
Doses
maiores: vômitos, distúrbios da fala, amnésia, taquicardia, hipertensão,
midríase, agitação, delirium, intensa dissociação (K-hole, K-Land),
experiências “near-death”, hipotermia, Distúrbios visuais e flash-backs.
Em casos
mais graves, depressão respiratória, apnéia, convulsões, rabdomiólise.
Diagnóstico
Anamnese e
exame físico
Toxicológico:
CCD positivo para PCP (Fenciclidina).
Tratamento
Medidas de
descontaminação G.I. quando indicado.
Tratamento
sintomático e suporte ventilatório se necessários.
Matéria já existente.
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