Camillo ChristófaroO Lobo do Canindé
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Valente, espirituoso, campeão: Camillo Christófaro foi um
dos maiores pilotos que o Brasil teve nos anos 50 e 60
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Para um garoto que acompanha automobilismo hoje, pode ser difícil imaginar um dos maiores pilotos brasileiros morando no Canindé (bairro da Zona Norte de São Paulo) e sendo facilmente encontrado sujo de graxa em uma oficina mecânica. Há 30 anos era assim. Camillo Christófaro, o "Lobo do Canindé", nunca correu na F1 e, por pura falta de dinheiro, sequer tentou correr no exterior. Mas ele faz parte de algumas das mais memoráveis histórias do automobilismo brasileiro. Ídolo de uma geração (e também de todo um bairro, já que os moradores do Canindé compareciam em peso em Interlagos para torcer pelo vizinho), Camillo aliava a valentia dos pilotos de sua época a tiradas espirituosas, que ficavam ainda mais engraçadas com seu jeito despachado e 'italianado' de falar. Camillo morreu no dia 20 de agosto, aos 67 anos. Sua última corrida foi a Mil Milhas Brasileiras de 1989, também a última disputada no traçado original do circuito que ele conhecia tão bem. Terminou em 3º lugar, correndo de Opala em parceria com o filho Camilinho e Américo Bertini. Foi exatamente numa Mil Milhas, em 1966, que Camillo conseguiu a maior de suas inúmeras vitórias. Correndo com a famosa carreteira Chevrolet Corvette, em dupla com Eduardo Celidônio, ele ultrapassou os jovens Emerson Fittipaldi e Jan Balder na última volta. No pódio, o garoto Emerson, então com 20 anos incompletos, chorava e recebia o consolo de Camillo, que há anos tentava vencer esta prova: "Não fique assim. Você é novo, ainda vai ganhar muitas corridas". A carreira de Camillo começara em 1953, com o incentivo de seu tio - ninguém menos que Chico Landi. Na época, as corridas brasileiras mais importantes eram as de Mecânica Continental, nas quais corriam carros de Fórmula 1 (Ferrari e Maserati, principalmente) equipados com motores Corvette, Studebaker ou Ford com mais de 400 cavalos de potência - uma loucura, já que os motores de F1 de então tinham 300 cavalos. Com seu Maserati-Corvette, Camillo foi campeão da Mecânica Continental em 1955, 1956, 1957, 1958, 1960, 1961 e 1962. Só não foi campeão em 1959 porque um acidente o afastou de algumas provas.
Um dos últimos contatos de Camillo com Interlagos foi no começo de 1994, quando uma revista especializada em automobilismo levou um grupo de antigos pilotos para testarem carros de rua. Camillo, Fritz D’Orey e Eugênio Martins (outras duas feras dos anos 50) pegaram um carro cada e fizeram um belo pega, até que a direção do autódromo os obrigou a parar. "Vocês não poderiam sair, não havia ambulância a postos", advertiu alguém, sem saber que aqueles respeitáveis senhores ganhavam corridas num tempo em que Interlagos era muito mais perigoso que hoje. Camillo não se conteve e disparou: "Meu amigo, se algum de nós saísse da pista seria porque teve um ataque cardíaco e morreu dentro do carro". |
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terça-feira, 19 de novembro de 2013
HOMENAGEM AO GLORIOSO PILOTO CAMILLO CHRISTÓFARO
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