Nunca uma disputa de terceiro lugar valeu tanto para o Brasil. Humilhada diante da Alemanha na semifinal, a seleção precisava de uma vitória em seu último jogo na Copa do Mundo para ao menos se despedir com um pouco de dignidade. Mas nem isso conseguiu. Novamente apresentou desatenção defensiva, perdeu para a Holanda por 3 a 0, neste sábado, em Brasília, e terminou o Mundial na quarta colocação.
A nova derrota contraria Felipão em sua tese de que o vexame diante dos alemães foi apenas uma "pane inexplicável" e de que o "trabalho foi bom". O Brasil se despediu sem apresentar uma atuação convincente em nenhuma partida nesta Copa e com seu prestígio extremamente arranhado. Neste adeus melancólico, até a arbitragem foi mal. Marcou pênalti inexistente no primeiro gol holandês, não deu impedimento no segundo e deixou de anotar penalidades para ambos os lados. Nada, porém, que justificasse mais uma tarde ruim dos anfitriões. Agora, a definição é se o treinador continua ou não no cargo. A comissão técnica deve se reunir com o comando da CBF na próxima semana, quando o futuro de Scolari na seleção será decidido.
As fases do jogo: O jogo mal começou e o Brasil já estava perdendo. Com 1 minuto de jogo, Robben foi derrubado por Thiago Silva na entrada da área. O árbitro deu pênalti, convertido por Van Persie. Sobrava vontade, mas também erros táticos e individuais. O lado esquerdo da defesa era uma avenida e os holandeses se aproveitaram. Blind ampliou aos 15, após bola mal rebatida por David Luiz. Na base da garra, os brasileiros até equilibraram o jogo no restante da etapa inicial. Cillessen, porém, não precisou fazer sequer uma defesa.
A partida caiu de ritmo na etapa final. Recuados, os holandeses ficaram à espera de um contra-ataque para ampliar o placar. Felipão mexeu no time, mandou Hulk, Hernanes e Fernandinho a campo, tentou pressionar. Mas o Brasil seguiu com problemas para criar boas chances de gol. Foi demais para os torcedores, que suportaram o mau futebol até os 40 do segundo tempo. As vaias vieram com força e os europeus passaram a tocar a bola sob os gritos de 'olé' das arquibancadas. Wijnaldum, já nos acréscimos, ainda marcou o terceiro. Despedida mais melancólica, impossível.
O melhor: Robben – Candidato a melhor jogador da Copa, o atacante se despediu com mais uma boa atuação. Em duas arrancadas, deu origem às jogadas que resultaram nos dois gols da Holanda nos primeiros 15 minutos. Ainda deu muito trabalho aos defensores no restante da partida. Só faltou balançar as redes para coroar seu adeus ao Mundial.
O pior: David Luiz – O jogador mais querido pela torcida depois de Neymar não foi bem. Com excesso de vontade, esteve mal postado taticamente em diversos momentos e comprometeu a defesa. No primeiro gol holandês, subiu ao meio-campo para dar combate e deixou a zaga descoberta na arrancada de Robben. No segundo tento, rebateu mal cruzamento, cabeceando para o meio da área.
A chave do jogo: Descontrole total no primeiro tempo – Assim como contra a Alemanha, o Brasil teve 15 minutos para esquecer na etapa inicial. O meio-campo voltou a deixar a defesa desprotegida, mesmo com três volantes. O buraco entre os dois setores foi bem explorado pelos holandeses, que abriram 2 a 0 logo no começo da partida. O Brasil até tentou durante todo o restante do jogo reverter o prejuízo, mas sucumbiu diante da marcação adversária e pouco criou.
Toque dos técnicos: Seja pelo desastre na terça-feira, seja para dar oportunidade a quem pouco havia jogado, Felipão finalmente mexeu no time. O contestado Fred perdeu seu lugar entre os titulares, assim como Marcelo, Fernandinho, Hulk e Bernard. Jô, Maxwell, Paulinho, Ramires e Willian foram os escolhidos. Mudaram os nomes, mas os problemas continuaram. O Brasil seguiu cedendo muito espaço aos adversários, sem compactação, e com problemas na armação de jogadas, forçando demais nas ligações diretas defesa-ataque.
Para lembrar:
Neymar fica no banco. Mesmo machucado, camisa 10 fez questão de seguir os mesmos rituais que os demais atletas da seleção brasileira. Colocou chuteira e uniforme, acompanhou os companheiros no aquecimento e sentou-se entre os reservas durante a partida contra a Holanda. Foi ovacionado pelos torcedores.
Felipão e Fred vaiados. A torcida parece ter escolhido os vilões pela eliminação vexatória da seleção brasileira nas semifinais. Tanto o treinador quanto o centroavante foram muito hostilizados pelas arquibancadas nas vezes em que apareceram no telão.
Neymar fica no banco. Mesmo machucado, camisa 10 fez questão de seguir os mesmos rituais que os demais atletas da seleção brasileira. Colocou chuteira e uniforme, acompanhou os companheiros no aquecimento e sentou-se entre os reservas durante a partida contra a Holanda. Foi ovacionado pelos torcedores.
Felipão e Fred vaiados. A torcida parece ter escolhido os vilões pela eliminação vexatória da seleção brasileira nas semifinais. Tanto o treinador quanto o centroavante foram muito hostilizados pelas arquibancadas nas vezes em que apareceram no telão.
Lesão durante o aquecimento. A Holanda ganhou um desfalque de última hora. Sneijder sentiu a coxa ao arriscar um chute e acabou vetado minutos após a Holanda divulgar sua escalação. Quem ganhou a vaga foi De Guzmán.
Técnicos ficam 'de bem'. Após troca de farpas em entrevistas, Felipão e Van Gaal parecem ter se acertado. Os dois treinadores se cumprimentaram de forma calorosa antes da partida e o holandês ainda ganhou um presente do brasileiro.
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