Todo mundo tem pelo menos uma dica sobre economia de combustível – desde a pré-histórica "banguela" até técnicas mais recentes, como andar de vidro fechado e usar pneus 'sustentáveis'. Só que nem sempre aquela ação que pretende ajudar o carro a gastar menos funciona efetivamente. E pior, às vezes ela provoca o efeito contrário – ou seja, maior consumo de combustível.
A Garagem C/D convidou alguns internautas a nos enviarem suas dúvidas sobre economia de combustível. Para respondê-las escalamos um time de feras no assunto: Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, e Ricardo Bock, professor do curso de engenharia mecânica automobilística da FEI . Vamos derrubar alguns mitos!
1 - Por ser melhor e mais cara, a gasolina premium também é mais econômica?
R: A gasolina premium é ótima para motores com taxa de compressão alta. Isso atualmente aparece nos importados europeus. O consumo não melhora se você a colocar em um carro qualquer, já que a diferença dela para as outras é apenas o poder antidetonante maior - dificuldade para explodir.
2 - Vale a pena desligar o carro ao parar no semáforo?
R: Modelos equipados com tecnologia start and stop têm toda uma lógica matemática que avalia, principalmente, o tempo em que o carro fica parado no semáforo e se vale a pena ou não desligar o motor. Além disso, eles têm uma nova plataforma elétrica que garante inúmeras partidas durante o dia. Em um carro normal, sem essa tecnologia, não aconselhamos desligar o carro no semáforo para economizar combustível.
3 - Meu carro parece ser mais econômico com o tanque cheio. Isso faz algum sentido?
R: Não existe nenhuma ligação entre economia e quantidade de combustível no tanque. Pelo contrário, em teoria o carro com menos combustível, portanto mais leve, deveria consumir menos, somente pela questão do peso. O que pode acontecer, e se trata apenas de uma ilusão, é que quando se enche o tanque “até a boca” a quantidade de combustível entre o bocal até a parte superior do tanque (tubulações, curvas, fixações etc.) não será monitorada pela boia do tanque, que está dentro do reservatório. Ou seja, temos algo em torno de 2 litros dentro da tubulação, entre o bocal e o reservatório, que será consumido, mas não altera a altura da boia dentro do tanque (e portanto não altera o marcador de combustível no painel). Em carros econômicos, dois litros de gasolina, por exemplo, são capazes de acrescentar mais de 30 km na autonomia, dando a impressão de que o carro é mais econômico com o tanque cheio.
4 - Andar com os vidros fechados e ar-condicionado desligado é realmente mais econômico? Vale a pena?
R: Sim. Até 70 km/h a influência aerodinâmica é pouca. A partir dessa velocidade, ela começa a progredir de forma exponencial e a resistência do ar aumenta muito. Quando um veículo é testado no túnel de vento, ele está fechado. Com o vidro aberto você tem o chamado "efeito-paraquedas", que aumenta a turbulência do ar no habitáculo a partir de 70 km/h. Nos carros mais antigos, o ar-condicionado podia consumir até 10% a mais de energia. Hoje você tem sistemas mais inteligentes, que desligam automaticamente o ar quando não é muito exigido, que poupam combustível. Sem um ar digital, vale a pena, mas depende do formato da carroceria do carro e da temperatura ambiente. O principal nesse ponto é a segurança: um carro andando de vidro aberto está a mercê de tudo em grandes cidades.
5 - A famosa "banguela" funciona mesmo?
R: Nos carros bem mais antigos, com carburador, poderia ser possível alguma economia. Porém há riscos. É que, mesmo nesses carros, você tem outros sistemas acoplados ao motor, como a servo-assistência do freio e da direção. Se você coloca o carro na banguela numa descida e a boia do carburador está fora da regulagem, o carro apaga. Do ponto de vista de segurança, nunca é recomendado usar a banguela. Trechos de serra têm avisos como 'desça com o carro engrenado justamente por isso. Com a injeção eletrônica a situação mudou. O sistema corta o combustível em desacelerações, ou seja, quando se tira o pé do acelerador. Na “banguela”, o motor fica em marcha lenta, consumindo combustível para se manter ligado.
6 - Pneus com baixa resistência ao rolamento podem me fazer economizar combustível? Ou eles são próprios para alguns carros específicos?
R: O resultado de um pneu verde projetado para este ou aquele carro, com aval da engenharia, testes, ajustes e validação, terá resultados superiores a um simples pneu de baixa resistência “adaptado” a um carro que não teve, em seu projeto, a pré-disposição para recebê-lo.
7 - Se os carros automáticos trocam a marcha no tempo "correto", por que eles gastam mais combustível?
R: Há uma perda de energia no conversor de torque. Neste caso, o câmbio automatizado, como o Dualogic, tem vantagem, pois não usa conversor de torque para transferir rotação para a transmissão.
R: Trocar no tempo correto significa que faz troca de marcha muito próximo do torque máximo do motor. No torque máximo é onde você tem o melhor aproveitamento de capacidade de gerar energia. De uns anos para cá, com o conversor de torque (ligação entre motor e transmissão), havia um desperdício de energia entre os dois. É como se a embreagem (fictícia) estivesse patinando, daí o aumento de consumo. Porém nas transmissões mais modernas esse 'escorregamento' diminuiu a zero e o acoplamento é 100%. O conversor de torque acaba funcionando como uma embreagem e esse desperdício desaparece.
8 - Devo colocar o câmbio em neutro quando paro meu EcoSport automático no semáforo?
R: Se você deixar a transmissão engatada, você começa a aumentar progressivamente a temperatura no conversor de torque. Caso você pare por até 20 segundos, não tem problema. Em paradas maiores é conveniente deixar no neutro, mesmo consumindo um pouco a mais. Nos carros mais antigos, com motores V8, isso faz muita diferença, já que o conversor de torque é como se estivesse segurando o carro na subida com embreagem. Deixar o carro no neutro se for parar por mais de 1 minuto é válido para qualquer carro. Muita gente que está no carro automático acha que é só ir pra frente ou para trás. Na verdade você pode influir nas marchas e tudo mais de uma forma ótima.
9 - Pneus novos são mais econômicos?
R: Sim, porque a área de contato com o solo ainda é menor que a de um pneu desgastado. Com isso, a força de atrito é um pouco menor. Porém, é sempre bom prestar atenção nos pneus novos, já que eles precisam de um tempo para melhorar a aderência com o chão, o que acontece depois de rodar alguns quilômetros.
10 - Devo aquecer o motor de meu carro antes de sair para a rua?
R: É desperdício de gasolina, mas o motor vai durar muito mais. Ele é uma máquina térmica, projetado para rodar quente. As peças do motor são de metal e mudam de tamanho quando aquecem. Quando o motor é projetado, são consideradas as temperaturas das peças e o quanto elas mudam de tamanho ao aquecer. Quando você dá partida no motor e as peças estão frias, as folgas entre elas estão diferentes e o motor só vai atingir a dimensão ideal quando ele tiver todo aquecido, melhorando a compressão e a mistura de ar e combustível. Ao ligar o motor, existe um pequeno tempo até o óleo circular com pressão absoluta no motor inteiro. Além disso, é sempre bom dar a partida nos carros mecânicos com o carro desengrenado e com o pé na embreagem - o pé isola o motor da transmissão. Ao fazer isso, você deixa de arrastar uma parte do câmbio junto, a partida fica mais rápida e você poupa bateria.
Dicas que fazem a diferença:
- calibrar os pneus
- frear um pouco antes
- andar com os giros até 3 mil rpm
- manutenção (filtro de ar, velas de ignição etc.)
Curiosidade:
Você acha que a economia de combustível é uma preocupação apenas de quem está duro e quer passar longe de um posto de gasolina? Pois saiba que até mesmo Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos, vem quebrando a cabeça sobre o assunto. É claro que não para economizar alguns trocados, mas para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera.
Obama estabeleceu há algum tempo algumas medidas de economia de combustível para os carros vendidos nos EUA. A ideia é que as fabricantes cheguem a uma média de consumo na casa dos de 25 km/l em seus carros até o ano de 2025.
A medida, no mínimo ousada, tira o sono das montadoras. É que as fabricantes terão que melhorar o consumo de seus modelos em cerca de 5% ao ano para cumprir a meta de Obama. Só para se ter ideia da dificuldade, fabricantes como Nissan e Toyota têm melhorado seus consumos na faixa de 2% a cada ano desde 2007. E você pensando em economizar alguns trocados, francamente.
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